Capítulo 3

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Os sonhos não foram um conforto, nada mais que flashes do que havia acontecido no dia anterior, o combate, a matança e por fim, os demônios, ele se sentia fora do próprio corpo, como se visse a cena por detrás de uma janela e não pudesse fazer nada, em um momento estava estirado sobre outros cadáveres, no outro, estava de pé sobre a mesma pilha sem qualquer dor, sem qualquer dificuldade para se mover ou respirar, ele segurava uma ponta de lança em uma mão e na outra uma espada que já vira dias melhores, então, encarou os demônios, eles estavam atônitos, medo exalava deles tanto que ele podia sentir o cheiro.

O cão-de-caça disse alguma coisa mas ele não esperou para ouvir, avançou tão rápido para cima do demônio que nem podia acreditar que era ele fazendo isso, a fera não pôde sequer reagir antes que ele arrancasse uma pata usando a espada e cravasse a ponta de lança na jugular, ele largou a arma e então girou o corpo, usando o balanço para dar força ao movimento da espada de baixo para cima, a criatura foi partida ao meio, a lâmina quebrou, ele então cravou o que restava dela na cabeça da fera, ainda restava um demônio e ele estava sem qualquer arma mas ele não pensou, apenas agiu, Feyr sentiu o chão partir debaixo de seus pés por meio de sua força mas o impulso foi poderoso demais, ele passaria por cima do demônio se não fizesse algo, então ele se contorceu o melhor que pôde para mudar a postura em pleno ar para que pudesse alcançar a criatura conseguindo assim, agarrar a parte superior da mandíbula e então a puxou, a força do impulso combinada com o puxão fez com que o crânio e a coluna da besta fossem arrancados de uma vez, quando voltou ao chão o que restava dos demônios desabou, ele então largou a carcaça que segurava e começou a se mover de novo, em direção ao norte.

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Apesar de não estar totalmente consciente Feyr sentiu que alguém se aproximava de si e então parar a poucos passos de distância, ele sentiu a pessoa se inclinar e o instinto entrou em ação, ele arremessou o cobertor que usava contra a pessoa a sua frente bloqueando sua visão, ele então rolou para o lado e depois tentou agarrar uma das pernas do alvo mas seu movimento foi antecipado, seu oponente saltou para trás e ficando a alguns passos de distância se posicionou e logo puxou uma das facas no cinto e se colocou em posição defensiva estava escuro, sua visão ainda não tinha se adaptado então ele não conseguia ver quem era.

Feyr então não perdeu tempo e logo jogou uma pedra mirando a cabeça do alvo, o mesmo conseguiu desviar mas as custas de seu equilíbrio, ao tentar recuperá-lo deixou uma abertura pela direita que Feyr não tardou em aproveitar, ele agarrou o oponente pela cintura mas o mesmo conseguiu reestabelecer o equilíbrio e logo tentou apunhala-lo, Feyr soltou o inimigo mas a investida não foi em vão pois ele havia aproveitado a distração para pegar a outra faca que seu agressor possuía.

Com ambos agora armados o combate se desenrolou de forma rápida, onde um atacava o outro defendia ou desviava, entretanto não era possível sair ileso daquele embate, Feyr já sentia que pequenos cortes marcavam seus braços, seu oponente não tinha como estar em uma situação diferente, o mesmo deve ter percebido que isso não levaria a lugar algum e logo fez algo que Feyr não esperava, o inimigo então arremessou a faca em direção ao pescoço de dele que conseguiu desviar, ele seguiu o trajeto da lâmina mas logo notou que foi a decisão errada porque, quando voltou a atenção para seu oponente terra fora jogada em seus olhos, com a visão bloqueada ele recuou um passo vacilante depois sentiu algo atingir sua mão o fazendo largar a arma, em seguida ele foi atingido na barriga, provavelmente por um chute, que o fez cair de costas no chão, ele ouviu uma arma sendo tirada da bainha, deveria ser outra faca já que o som não durou muito, ele percebeu que estava com problemas, mas, antes que seu adversário se movesse para dar o golpe final algo estranho aconteceu.

O tempo pareceu desacelerar e aquela sensação estranha de antes quando estava na eminência do sono retornou, ele passou a perceber tudo, o chão as suas costas, o oponente sobre si, até mesmo o fluxo do ar, Feyr não sabia o que estava acontecendo então deixou que aquela sensação o guiasse, ele podia ver tudo mesmo sem estar de olhos abertos então aproveitou essa chance, o tempo pareceu voltar ao normal e então ele se moveu, mais rápido do que achava ser possível, ele rolou para sua esquerda e uma fração de segundo depois ouviu a ponta da faca bater no chão onde ele antes estivera, mais uma fração de segundo depois Feyr se pós apoiado em um joelho só ao lado de seu oponente e logo lhe desferiu uma cotovelada no rosto, depois, com seu inimigo agora desorientado ele agarrou o braço que segurava a faca, se levantou e o jogou por cima do ombro enquanto roubava a arma, um momento depois ele imobilizou o braço dominante do oponente com o pé e o prendeu ao chão com o joelho depois ele pressionou a lâmina contra a garganta de seu oponente, quando estava prestes a cortar sua traqueia ouviu um som próximo, um bater de palmas.

Nascido das CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora