Capítulo 1

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LAILA AHMAD

— Cheguei, dindo! – anuncio minha chegada, colocando as chaves no balcão da cozinha e retiro meu tênis.

— Oh, minha pequena – sorridente como sempre, meu dindo vem até mim, depositando um beijo na minha testa – Como foi a aula hoje?

— Muito boa, tivemos aula de filosofia. – abro um sorriso, por ser minha matéria favorita – Apesar da vida acadêmica não ser fácil, não posso negar que amo.

— Fico contente por você, filha – ele pega seu terno, colocando o mesmo e indo até as chaves do carro.

— O senhor vai trabalhar hoje? – olho para o calendário na parede – Mas é terça, não é seu dia habitual de estar na boate.

Meu dindo é proprietário da sua própria boate a Delicious life, ele sempre me contou que seu sonho era abrir uma boate e ele conseguiu. Na parte do dia eu faço a minha faculdade de Pedagogia, a noite eu danço pole-dance na boate dele. Isso me ajuda bastante a ter meu próprio dinheiro e guardá-lo para emergências.

— Ah, sim. Tenho alguns problemas para resolver ainda hoje, mas estarei em casa cedo.

— Como quiser. – mordo meu lábio – Estou pensando em preparar uma macarronese, o que o senhor acha?

— Uma ótima ideia, minha menina. Sua comida é divina, tenho certeza que chegarei faminto e comerei feliz.

— Então está decidido, vá trabalhar que eu ficarei aqui preparando o jantar. – abro um sorriso.

— Se cuide, estrelinha – ele volta a beijar minha testa, se distanciando em seguida e fechando a porta após sair por ela.

Com um leve suspirar início meu percurso pela casa aconchegante, entro no corredor onde da acesso ao quarto do meu dindo e o meu, além do banheiro. Adentro no meu quarto, é simples, como uma decoração em tons escuros e pasteis, mas tudo aqui mostra muito a minha personalidade. Me sento na cama, deixando meu corpo cair na mesma.

O dia hoje foi cansativo, além de ter que entregar um seminário até o final desse mês, tenho mais alguns trabalhos extracurriculares para fazer. Não posso esquecer das minhas aulas de pole-dance, são dois dias na semana, mesmo assim ocupa bem o meu tempo curto. E todo domingo à noite, eu danço na boate do meu tio.

Decido me levantar e tomar um banho quente, entro no banheiro já me livrando dessas roupas justas, adentro no box fechando a porta em seguida. Após alguns minutos termino meu banho e escolho um conjunto simples de moletom azul marinho, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo.

Retorno a cozinha, que exibe a visão da sala. Aciono a alexa e mando a mesma colocar uma música, após lavar as mãos pego os ingredientes para o molho do macarrão. Corto todos temperos em cubos pequenos, em uma frigideira já posicionada no fogo ligado, despejo um fio de azeite e quando aparenta já está aquecido, jogo os temperos.

Começo a refogá-los, colocando pouco sal e pimenta. Despejo vinho seco para dar um sabor à comida, olho para os lados procurando a cebola em pó. Desligo o fogo e começo a procurar pelos potes e armários da cozinha. Ao não encontrar decido ir na mercearia comprar. Corro até meu quarto e pego um casaco preto, volto até a sala, pegando a chaves e saindo.

A rua está deserta, são quase onze da noite, não é comum estar tudo vazio. Observo um carro preto do outro lado da rua, os vidros estão fechados e não dá pra vê quem estar dentro do mesmo. Mordo meu lábio e continuo a caminhar pela calçada deserta, está uma noite fria e silênciosa, não gosto disso.

— Boa noite, senhor Hyundai – comprimento o dono da mercearia, que me recepciona com um grande sorriso.

— Olá, Laila. Como vai, menina? – abre um grande sorriso, se aproximando do balcão.

— Melhor impossível – retribuo o sorriso – O senhor tem cebola em pó? Estou preparando um macarrão ao molho, uma receita de minha mãe, mas está faltando a cebola.

— Oh, tenho sim! – abaixa se e ao subir novamente me estende o potinho – Aqui está.

— Muito obrigado! Quanto é?

— Não, não – balança as mãos perto do rosto – É por conta da casa!

— Mais uma vez, obrigado!

O vento gélido bate em meu rosto, fazendo o capuz do moletom cair e eu me amaldiçoar por isso. Sem explicação alguma sinto meu coração palpitar mais rápido, como uma forma de tranquilidade, acelero meus passos até chegar na esquina da minha casa. O carro preto não está ali, e de certa forma, isso me preocupa.

Sons fortes e altos começam a soar, leva alguns segundos até eu entender que isso é referente a tiros sendo disparados. Não sei de onde vêm, mas o som alto está atrás de mim e mais uma vez séries de tiros começam. Corro até minha casa, mas mãos agarram minha cintura e me puxam para atrás de uma árvore à duas casas de distância da minha.

— Não se mexa e fique em silêncio – ordena com autoridade, essa voz me fez sentir mais nervosismo ainda.

Não abro meus olhos, permaneço com eles fechados tentando organizar meus pensamentos. Minhas mãos tremem, posso imaginar minhas pernas como gelatinas agora, fora o meu coração, todo desgorvenado. Os sons diminuem, quando finalmente param, tomo coragem de abrir meus olhos e não encontro mais o homem que me salvou.

Senhor!

Vendida Pra Ti - Série Milionários 01Onde histórias criam vida. Descubra agora