Descendentes do Sol

Only one

Os dedos frios de Kokushibou acariciavam a testa do garoto que lutava contra suas mãos para se soltar do oni poderoso. Mãos firmes apertavam cada vez mais forte à medida que Tanjiro tentava se afastar fazendo o jovem Kamado sentir que em algum ponto quebrariam pela pressão ou com certeza deixaria marcas que permaneceriam por um longo tempo antes de sumir.

O adolescente se desesperou ao ver sua irmã tentando o atacar por trás, a mesma já exausta e fraca do combate anterior, não foi surpresa que o mesmo rapidamente a rendeu a puxando contra seu peito antes de voltar a atenção para o adolescente a sua frente voltando a tocar sua testa..

"Essa marca..." A voz grave finalmente soa quando ele desliza os dedos pela face do adolescente erguendo sua face. Um pequeno lapso na memória de um rosto vem a sua cabeça.

[...]

A neve caia imaculada do céu na montanha, algo que a princípio a aqueles longe demais e alheios ao que aconteceria poderia se tratar apenas de uma cena belíssima do inverno poético o e rigoroso que vinha cada dia pior, cada vez mais o nível da neve aumentava fazendo ficar a cada dia mais complicado de se caminhar para que o carvoeiro pudesse pegar lenha para aquecer a casa e fazer mais do carvão e principalmente água da nascente ao topo da montanha para cozinhar e banhar.

O que deveras não era mais algo que Sumiyoshi precisava se preocupar havia algo pior algo maior a sua frente o preocupando enquanto o omega colocava a mão em frente ao seus filhos para mantê-los longe da criatura lasciva a sua frente que ria e se divertia com seu pânico vendo o Kamado balançar o machado tentando o manter longe de si.

"Ora ora o que temos aqui, um banquete completo." O oni diz sorrindo lascivo fazendo menção de se aproximar não parecendo estar nem um pouco preocupado com o machado se movendo à frente dele.

"Vá embora! Agora!" Ele exige novamente tentando salvar seus filhos porém em vez de afastar a criatura apenas fez com que ela risse e em um flash corresse em sua direção fazendo o ômega instintivamente se abaixar e abraçar seus filhotes em uma tentativa de protegê-los mas aquele ponto o medo havia se apossado tanto de seu corpo que ele mal percebeu a presença do espadachim e continuaria assim se não fosse pelo clarão que preencheu seus olhos mesmo fechados.

Ele não viu como aconteceu, apenas o calor suave, o cheiro de cinzas e canela e a ausência de som que se preenche por toda a floresta por exceção dos pássaros ao longe Sumiyoshi finalmente tivera a coragem de abrir os olhos para se deparar ali com o alfa de cabelos longos e uma curiosa marca vermelha em seu rosto.

"Você... nos protegeu?" Ele pergunta confuso se levantando ainda sentindo seus filhotes o abraçando com medo.

Não havia mais sinais da criatura assustadora ali, apenas a neve, um pouco de sangue que manchava a pureza da neve e o alfa.

O Kamado sequer sabia quem era aquele homem, mas em poucos segundos ele já estava encantado. E no entanto, ele sentia que o mesmo tinha olhos tão tristes.

Ah se ele soubesse naquela época que assim como fora instantâneo para si o interesse e a admiração pelo alfa, fora pela parte do Tsugikuni por si o rosto imaculado e gentil de alguém que certamente não carregava o peso de ser uma má premonição ou a responsabilidade de salvar vidas. E claro, o cheiro o viciante cheiro de baunilha e pinheiros, cheiro de felicidade caseira, os olhos negros mas não totalmente igual a aquela pessoa já que havia um fundo suave em um tom vinho.

Ah se Yoriichi soubesse, será que ele teria hesitado naquele momento? teria se afastado ou faria tudo denovo?

[...]

Não foi surpresa que ele arrastou o homem consigo para casa um pouco abaixo de onde estavam na montanha, era pequena simples de madeira e palha mas muito aconchegante.