A sala a meia luz, algumas poucas velas acessas, iluminavam o ambiente em meio ao fim de tarde, ao entardecer.
Uma sombra formando uma silhueta masculina, de onde só o que se via era a fumaça de e um charuto.
CAPÍTULO 1 - HERDEIROS
As nuvens esconderam a luz do sol, eram negras e carregadas, uma tempestade cairia a qualquer momento. A mocinha de olhos verdes e cabelos castanhos, começou a andar mais depressa. Ela carregava uma cesta com algumas rosas.
-De onde está vindo criança? - de repente surgindo de dentro dos pés de café que ficavam à beira da estrada, um homem de meia idade lhe chama a atenção lhe causando um susto.
-Estou vindo da cidade, estou vendendo rosas, o senhor não gostaria de comprar essas últimas.
-Quantos anos tem, menina?
-Tenho quinze anos, senhor, mas já ficarei mais velha em dez dias.
-Bom, eu compro sim suas últimas rosas, mas não carrego moedas aqui comigo, vamos até minha casa, e aproveito para que minha esposa, escolha as rosas, ela é de fato melhor do que eu nisso.
-O senhor mora longe, pois, está para cair uma tempestade, preciso chegar em casa ainda na luz do dia.
-É bem próximo daqui, mas podemos ir em meio ao cafezal, chegaremos mais depressa dessa forma.
[...]
Bahia, final do século XIX, onde a lei do homem, valia mais que a lei de Deus. Os ricos, exerciam toda sua supremacia sobre a classe menos favorecidas, de modo que tudo era ainda pior, do que vemos hoje. A maior diferença, porém, era que os menos favorecidos se uniam, e o amor que sentiam uns pelos outros era o que os mantinham vivos, para recomeçar um novo dia.
Havia um lugar, entretanto, que era exceção a essa regra, onde os trabalhadores eram tratados de forma digna. Uma fazenda situada ao sul do estado. O proprietário, conhecido como, Manuel da Costa Magalhães, típico descendente da colônia portuguesa, um homem forte, porém, bom e com aspectos de humanidade evidenciados em suas atitudes.
Além das terras e tudo o que nelas havia, herdou também a simplicidade e a empatia de seus pais, o que fazia dele um homem respeitado, principalmente, pelas pessoas que viviam na fazenda. Antes mesmo da libertação dos escravos em 1888, sua linhagem e descendência, sempre partiram da ideia de que nunca teriam escravos, e assim foi feito. Esse fato gerava um desconforto e até ameaças, vindo de outros fazendeiros da região, que evidentemente eram contra, pois eles compravam os escravos e imediatamente lhes davam a carta de alforria, o que era considerado um exemplo ruim. O fato é que, essa atitude, contribuiu para que aquela fazenda, se tornasse a maior produtora de café do país.
Sentado em sua cadeira de balanço, fumando um cachimbo, olhando fixo para o horizonte, com uma respiração fraca, já quase sem folego, tossia por algumas vezes. Seus cabelos e barbas brancos, olhava distraído, pensando em várias coisas ao mesmo tempo. Olhava com orgulho para tudo que havia construído ao longo de sua vida. Havia quase que triplicado a fortuna que tinha herdado. Uma imensidão de pé de café a perder de vista.
De repente, algo o faz despertar do transe, ouve uma voz feminina que sussurra ao seu ouvido:
- Meu amor, - sussurrava a voz - prepare-se, estou vindo te buscar.
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QUANDO O AMOR MATA
RomantizmUm triangulo amoroso envolvendo dois irmãos, Carlos e Antônio. Um amor que foi capaz de transformar as vidas de ambos, tanto para o bem quanto para o mal. A história é narrada no final do século dezenove, em uma fazenda de café, no sul da Bahia. Os...