No quarto ao lado.

Capítulo 3

- Já, Mai? JÁ? Será possível? – Chris fingiu estar indignado, fazendo com que eu e ela ríssemos. O que me fez mais uma vez estranhar a atitude de Any, que ainda parecia desnorteada.

- Tudo bem, Any? – questionei fazendo ela dispersar de seus pensamentos.

- Que? – ela pareceu "acordar" do transe em que estava.

- Ela perguntou se você tá bem. – disse Mai.

- Por que não estaria? – Any falou rispidamente. – Sentem direito, daqui a pouco entra o professor.

- Ihh.... – Chris estava prestes a zombar dela mas uma senhora de óculos de grau enormes logo entrou sala.

- Todos sentados, por favor. – a senhora pediu. – Me chamo Gilda e serei a nova professora de Matemática de vocês.

Matemática no primeiro tempo de aula de uma Segunda feira, só pode ser uma pegadinha. Onde estão as câmeras?

- Bom dia. Espero que na minha aula, voc.. – Gilda iria continuar mas foi interrompida por duas batidas na porta que soaram um pouco antes dela se abrir e aparecer aquele rosto que eu já conhecia. – Entre, Sr...? – Ela perguntou, claramente irritada, olhando para quem estava ali.

- Nicolas . – Respondeu ele sem demonstrar a menor vontade de ter que responde-la, já caminhando para se sentar.

Um silêncio constrangedor tomou conta da sala, mas logo a professora prosseguiu:
- Bom, agora que o senhor Nicolas já se sentou, podemos continuar. Gostaria de já adiantar que não tolero atrasos...

Nicolas... Como descrever o Nicolas? Bom, ele era alto, não era musculoso mas definitivamente malhava. Ah, ele malhava... Seus cabelos ondulados e um pouco rebeldes eram da mesma cor de seus olhos castanhos. Ele tinha um ar de superioridade e arrogância que incomodava (na verdade, eu o achava insuportável), era o tipo de pessoa que você conhece desde o maternal mas que nunca olhou pra sua cara.

Pra não ser injusta uma vez nos esbarramos, os livros caíram e ele foi obrigado a olhar pra mim. Eu lhe devolvi um olhar furioso mas ele simplesmente balançou os ombros como se anunciasse que não me pediria desculpas.

Não que ele me afetasse ou algo do tipo, eu só nunca tive paciência pra esse tipo de gente e não entendia como alguém tão legal como o Chris conseguia ser seu melhor amigo. Sim, meu melhor amigo de infância é o único amigo que ele tem. E não que ele fosse sozinho, o Nicolas era rodeado de gente, o que eu também nunca entendi já que aparentemente ele desprezava a todos.

É isso, tudo o que sei sobre ele é que atualmente está namorando com a Georgina, uma metida da outra turma que quer muito ser a Regina George, ou seja, maluca.

- Ele é tão bonito né?! – sussurrou Mai.

- Tanto faz. – respondi dando os ombros.

Mas sim, ele era bonito. Bonito a ponto que eu afirme de novo aqui pra vocês: o infeliz era bonito.