único

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Avisos:

- Essa história é verdadeira e aconteceu com a autora que vos escreve nesse momento.
- Os nomes reais foram modificados com a finalidade de preservar os indivíduos envolvidos.

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Foi aquele maldito olhar dela que me fez questionar tudo. Eu era absolutamente comum (e hétero) até que aquele nome com 5 letras começou a aparecer constantemente entre os meus pensamentos. E não eram pensamentos normais. Eram pensamentos pervertidos, sujos, daqueles que após pararmos para refletir, indagamos: "Que tipo de tarada eu sou?". Ela era mais velha, talvez 2 ou 3 anos a mais apenas, mas isso só deixava tudo mais interessante para alguém que na época havia completado seus 16 anos. E eu pensava, escrevia, sonhava acordada, coisas que aqueciam minhas bochechas em qualquer lugar que eu estivesse. Ela era o motivo das minhas perturbações mentais diárias. Por que eu sentia borboletas na barriga quando pensava nela? Eu só queria ter uma oportunidade de saber se tudo tinha motivo.

E eu tive essa oportunidade.

Era uma noite normal, e eu havia chegado uma hora mais cedo do que o habitual na escola, por causa do clima fresco que me animou a sair de casa. Mas, obviamente, eu não entrei na escola. Como de costume, virei a esquina e logo vi meus amigos no portão esperando que a uma hora se passasse para entrarem quando a primeira aula acabasse e o sino batesse. Cumprimentei meu amigo Victor e comecei a conversar normalmente.

Até que ela chegou. Quando ela dava o mínimo sinal de sua presença era como se alguma celebridade houvesse chegado, todos viravam os olhares para admirar a beleza retumbante da menina mais linda que aquela escola já vira. Tinha os traços delicados, pele morena porém um pouco clara, cabelos castanho escuro lisos partidos no meio e uma boca tão majestosa que era impossível ser indiferente a ela. Suas sobrancelhas pareciam sempre estar indicando alguma emoção particularmente bem definida mas que não era fácil de se descobrir qual. E, no meio da multidão de admiradores, ela sempre escolhia olhar para mim. Para mim, apenas tímida e recolhida à admiração singular que eu nutria por ela, quase uma adoração interna que era o maior dos meus segredos. Ela era para mim uma pequena comédia que eu gostava de manter como secreta. Então, como em um sonho, ela atravessou todos e veio me cumprimentar de forma reservada, o que fez meu coração acelerar dentro do meu peito, mesmo que minha tranquilidade exterior não deixasse que isso transparecesse.

- Como vai, anjo? - o jeito doce de falar combinava com seus modos perfeitamente alinhados

- Com certeza não muito bem, para eu ter chegado antes da segunda aula assim só estando muito mal das ideias. - e isso a fez soltar a risada mais sexy que eu já havia ouvido

- Vamos ver se você vai manter todo esse humor quando o sino tocar. - e piscou para mim

Depois disso, ela se direcionou para os seus colegas de classe e passou a conversar com eles e eu com os meus, mas a troca de olhares silenciosa era inevitável. Por algum motivo, naquela noite, a energia que pairava sobre qualquer um que passasse ali era diferente. Tudo parecia muito... certo.

As aulas transcorreram como normalmente e eu conseguia prestar atenção nos minutos em que não pensava nela. Era um tormento que eu gostava.

Na hora da saída, comentei com um amigo que estava sem ânimo para ir para casa pois meus pais estavam viajando e era terrível ficar sozinha. Então aconteceu. Ela me chamou:

- Anjo, se você quiser, pode dormir lá em casa hoje. - detalhe que ela já morava sozinha - Eu estou sem companhia mesmo, podemos acabar com a solidão uma da outra. O que acha? - aquela voz estava acabando comigo e eu fiquei sem escolha lógica

- Ótima ideia! Se não for incômodo eu aceito sim.

Então eu subi na moto dela, e só de colocar os braços em volta de sua cintura o meu interior se estremeceu e desconfio que o dela também. Passamos por algumas ruas até que chegamos no prédio onde ela morava, que não havia nada de luxuoso mas era um ótimo apartamento. Ela entrou e jogou as chaves em um pote, ajeitando as coisas rapidamente para que o apartamento parecesse mais arrumado.

- Não repara a bagunça, o trabalho não me dá tempo pra arrumar a casa direito.

- Hey, tudo certo. Meu quarto também não é dos mais arrumados.

- É engraçado o fato de você falar do quarto e eu da casa, já que você mora com os seus pais, né.

- Infelizmente. - e nisso ela começou a preparar um chá de maçã

- Como assim? Morar com os pais é a melhor coisa que há, não pagar as contas e ainda ganhar presentes de vez em quando. Você é maluca.

- Mas você paga com a sua alma. Tantas experiências que eu queria fazer mas não posso por causa deles.

- Que tipo de experiências? - a cada gole que ela dava naquela caneca de chá, a minha mente se dilacerava mais

- Ah, não sei, provar coisas novas talvez.

- Coisas como...?

- Você

E aquela palavra saiu involuntariamente da minha boca, porque em sã consciência eu nunca teria dito aquilo. Mas graças aos céus existem os momentos de insanidade. Porque, no momento que ela deixou a caneca na bancada e se aproximou, colocando a mão entre meu cabelo, eu agradeci infinitamente por ter dito aquilo.

- Fico feliz que tenha dito isso. - ela disse antes de me beijar - Porque eu já não suportava mais a ideia de passar mais um dia sem te tocar.

Então ela me beijou. E, naquele momento, pequenas sinetas de anjos passaram a tocar suavemente como pano de fundo de todas as emoções que passavam por mim, como que anunciando que finalmente eu havia conseguido o que mais desejava.

O modo como ela assumiu o controle do beijo foi absolutamente incrível. Era ela quem ditava o ritmo, hora rápido e hora carinhoso, fazendo com que eu experimentasse todas as sensações que poderia com ela. Sua língua era angelicalmente macia e parecia acariciar minha boca. Durante todo o beijo, ela separava nossos lábios como que em um ato de piedade para que eu pudesse olhar para seu rosto, enquanto ela ria e se ajeitava para voltar a me beijar. E quando fomos para o sofá, meu Deus, poder subir em cima de seu corpo e segurar seu rosto enquanto a beijava foi a melhor sensação que eu já tive. Sentir suas mãos delicadas apertando minha bunda me faziam soltar suspiros que geravam pequenos indícios de risada nela. Ter permissão para colocar minhas mãos por dentro de sua blusa e acariciar seus seios me deu mais ousadia, e isso a agradou. Durante toda a noite, intercalamos momentos como esse e momentos apenas para ver algum filme ou algo assim, até que finalmente fomos dormir.

Antes de irmos dormir de fato, ela se aproximou de mim e me disse:

- Sabe, depois de hoje eu tenho certeza de que devemos repetir isso mais vezes. Antes eu queria te pegar só para ver como você é, agora que eu gostei eu quero de novo. - e soltou mais uma risada contida

- Pois saiba que eu não irei me opor.

No dia seguinte, cheguei radiante na escola na certeza de que havia me divertido e que ninguém nunca saberia de nada. Minutos depois eu tive mais um motivo para ter certeza de que ninguém nunca saberia do que acontecia entre eu e ela.

Ela chegou na escola e foi direto cumprimentar uma pessoa. Essa pessoa não era eu. Era Pedro, um garoto que estudava na mesma sala que a minha. Ela o cumprimentou o beijando, o que me causou muita estranheza e eu tive que perguntar para Victor.

- Ué, você não ficou sabendo não? Ela e Pedro começaram a namorar já tem mais de mês, mas só oficializaram agora.

E, naquele momento específico, ela estava abraçada nele, mas olhando para mim com uma cara que exibia muitas mais segundas intenções do que antes.

Foi ali que todos os meus problemas começaram.

apenas um relato pessoalOnde histórias criam vida. Descubra agora