VI Problemas Casuais

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Os Galopes rítmicos sobre a estrada é o único som que emitimos em quanto nos aproximamos da casa da minha avó. Estou na traseira de um cavalo branco e seguro fortemente a cintura de um saxão loiro que belos olhos verdes. Eu me sinto confortável e feliz por poder chegar são e salva até o meu destino. Consigo ver a minha avó ao longe, que acena e grita pelo meu nome, feliz em poder ver sua neta.
Os cabelos de Arthur são carregados pelo o vento em quanto nos aproximamos da residência. Eu estou tão feliz, que chego a aconchegar a minha cabeça nas costas do homem em minha frente, mas antes que eu pudesse chagar lá, uma enorme gotícula de água cai sobre a minha cabeça, me fazendo levantar desesperada e olhar rapidamente aos lados.
Aonde é que eu estou?


Eu observo os meus arredores e vejo que estou sentada sobre as raízes de uma grande árvore. Há uma fogueira em minha frente que emite luz e calor nesse acampamento improvisado. Está de noite e está a chover, mas devido ao tamanho da árvore e de suas folhas, a água mal caí no acampamento, eu infelizmente só tive o azar de estar dormindo em baixo de uma brecha e acabei por tomar um banho. Eu olho para o meu lado esquerdo e vejo um enorme lobisomem deitado ao chão com suas costas viradas para mim. É... Esse é Fenrir, o Lobisomem que tanto me causa dor de cabeça. Eu solto um grande suspiro e lentamente eu me levanto, e ando até uma das raízes próximas e a utilizo como acento, e observo a chuva cair sobre a Floresta. Mais um dia chuvoso, o que é algo bem recorrente de se acontecer devido a estação, mas ainda não deixa de ser um clima deprimente. Eu não consigo parar de pensar no que aconteceu há algumas horas atrás. Aqueles homens... Se ainda tiver mais deles é capaz que eles irão me caçar. Eu perdi tanta coisa e tudo por causa da minha ingenuidade e de um Lobisomem, mas...
Eu olho para trás de mim, e vejo o acampamento que está apenas há alguns passos atrás, e vejo Fenrir a descansar.


Eu volto a olhar para frente.
Fenrir não é alguém ruim, não é?
Ele apenas é muito complicado, e mesmo depois disso tudo eu ainda estou o seguindo. Talvez eu seja apenas uma grande tola mesmo. Talvez agora eu esteja percebendo que eu estou em um mundo aonde as coisas são bem mais cruéis do que parecem, eu achava que eu já sabia disso, mas agora que eu estou vivenciando todo esse caos... É tão pesado.
Eu me encontro em um momento de melancolia e reflexão. Eu comecei essa viagem tão determinada e agora eu me encontro tão desiludida, não adianta eu ser justa e empática se o mundo inteiro é violento e traiçoeiro. Eu preciso dar uma volta.
Não é uma boa ideia andar sozinha pela floresta negra, principalmente durante a noite e também considerando toda a confusão que fiz em Greylake, mas nesse momento acho que nada mais importa.


Eu coloco o meu capuz sobre a minha cabeça e me levanto da raiz que estava sentada, e ando em direção reta para longe da árvore e do acampamento.
Eu ando pela floresta em busca de distrair a mente. Meus passos soam "fofos" pela grama molhada e a chuva não é tão maldosa que nem da outra vez, é até agradável a sensação das gotas caírem suavemente pelo meu manto. em áreas protegidas pelas folhas das árvores é possível enxergar alguns vagalumes a brilhar e a iluminar essa parte da floresta, e sinceramente a floresta até que é bonita.
Eu ando até chegar em um rio que impede que eu continue o meu caminhar. O rio é agitado, provavelmente é um rio que vem do grande lago de Greylake. Eu fico parada a observar o fluxo da água corrente em quanto eu fico perdida em meus pensamentos.
eu não tenho conseguido me concentrar, Como eu pude vir para essa viagem totalmente despreparada? Minha mãe ainda tentou me impedir, mas eu fui tão teimosa! E ainda tem esse maldito lobisomem. Eu me agacho. Eu ainda mantenho a sola dos meus pés ao chão, mas meus joelhos ficam próximos ao meu queixo, eu cruzo os meus braços em cima deles em quanto continuo a olhar para a água corrente do Rio. Eu estou triste. O meu corte ainda queima, doeu muito naquela hora. Eu abaixo a minha cabeça para visualizar o corte, e vejo o tecido da roupa cortado em uma linha fina que vai do meu ombro até o meu peito, minhas roupas também estão sujas e molhada, eu deveria ter trazido uma roupa reserva. Será que eu deveria desistir de toda essa viagem? Abandonar Fenrir, me render a Arthur, ou simplesmente tentar voltar todo esse caminho que andei só para morrer devorada por outro Bicho?

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora