Capítulo 2

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Metin terminou as orações, porém continuou ajoelhado no centro da mesquita de AyaSofya. Amava aquele local, mais do que a Mesquita Azul, devido a sua grandiosa simplicidade e, após as orações, tinha o costume de meditar naquele ambiente sagrado cujas paredes eram testemunhas da fé que transcende as religiões.

Sua Clara, agora esposa de um príncipe, o aguardava no andar superior e ele podia vê-la observando o local, com a tia Bahar a acompanhá-la de perto. Já na primeira visita que fizeram ao casal de idosos, ambas as mulheres desenvolveram uma simpatia que crescia a cada dia e com as visitas que ambas faziam desde que se conheceram.

Ele não se sentia seguro com as saídas de Clara, mas como podia negar-lhe a liberdade de ir e vir? Apenas lhe pedira para sair o mínimo possível, porque temia que algum ataque ocorresse durante o percurso.

Seus irmãos, filhos do sultão com a esposa real, no dia anterior tinham deflagrado um conflito entre as duas províncias que administravam, já de olho no trono do Topkapi. Como possível herdeiro, Metin sabia que não sairia ileso dessa disputa e sua maior preocupação era com a segurança da pessoa mais preciosa de sua vida.

Sete dias em Istambul e a cada um deles, uma novidade. Logo após o encontro de mestre Nureddin, tia Bahar e Clara, surgira aquele desejo dela de se deslocar pelos arredores exteriores ao palácio; a conversa tensa com o imã que não se sentia confortável com a não conversão da jovem estrangeira ao Islã e a celebração daquele casamento misto; o encontro de Clara com o sultão; a disputa entre os irmãos e, a teimosia de Vossa Majestade e Mestre Nureddin para que ele, Metin, aceitasse ser o sultão do Império Otomano.

Dentro de AyaSofya ele era apenas Metin. Um jovem recém-casado com o amor de sua vida e que estava disposto a tudo para mantê-la feliz e segura.

A luz do sol em seu ápice atravessava as janelas do templo e iluminava os versículos do Alcorão suspensos nas imensas paredes. Sua mente e coração atormentados e angustiados precisavam daquela paz para que pudesse tomar a melhor decisão para a vida do jovem casal e do povo de sua terra.

Não queria preocupar Clara com tantas situações adversas. Ela ainda estava fraca do ataque que sofrera do tio e da longa viagem. Era por causa dele, sua condição de filho do sultão, que a maioria dos problemas era derivado. Então, sentia-se na obrigação de não compartilhar suas angústias, pois era algo que dependia totalmente de suas próprias decisões para ser resolvido.

O SULTÃO E A PRISIONEIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora