Clara estava frente a frente com Sana. A sultana e tia Meryem contemplaram, com amargura o belíssimo corpo esguio da jovem coberto por vergões causados por chicotadas. Além da violência moral que sofrera, sendo obrigada a casar-se, fora espancada por seu marido.
- Podemos ajudar você a fugir. - Informou-lhe Clara. - o que fez os olhos da noiva brilharem de esperança.
Por isso, sobre o peito forte do marido, naquela mesma noite, Clara sultana estava especialmente feliz. Metin havia instruído o fiel Kenan a levar a moça, antes de sua primeira noite, de volta à sua família e entregar-lhes dinheiro suficiente para irem com ela à qualquer parte do Império. Kenan e outros janízaros os protegeriam, enquanto os demais soldados ficariam com o casal real e sua comitiva.
- Eu quero - disse a sultana acariciando o marido - ajudar mais moças como Sana, minhas primas e eu mesma. Acho que sou muito privilegiada por ter sido encontrada pelo único homem que realmente se preocupa com as mulheres.
Metin sorriu beijando os cabelos da esposa. Com certeza mestre Nureddin e tia Bahar tinham influenciado no seu modo de ver as mulheres, sempre lhe explicando a necessidade de igualdade entre as pessoas, a resolução de conflitos sem exercer poder e o respeito pela individualidade e direito de todos.
- O privilégio é meu de ter você comigo. Você é meu tesouro mais precioso e, por você, eu trocaria todos os tesouros do mundo. - Disse Metin a Clara, abraçando a esposa contra si. - Minha mãe me dizia, quando eu era bem pequeno, que minha única função, se me tornasse sultão, seria garantir mais direitos às mulheres de todo o Império. Às vezes, - confessou Metin - não imagino outra saída para cumprir os desejos de minha mãe a não criar escolas especiais para as meninas para que elas façam sua revolução contra o sistema.
Clara sorriu. Ele tinha razão em querer abrir escolas para as meninas, mas os meninos também precisavam aprender, desde cedo, que somente um verdadeiro companheirismo entre os sexos faria a todos e todas felizes. Assim como Metin, muitos meninos poderiam auxiliar na revolução feminina.
- Quando voltarmos para Istambul - relembrou-lhe Metin - teremos muita resistência por parte dos vizires para fazermos novas leis de proteção às mulheres.
- Você pensou em alguma estratégia, meu amor? - perguntou-lhe Clara, colocando o queixo no peito largo do marido, como era seu costume para olhar em seu rosto tão amado.
- Uma maneira de convencê-los é pelo aumento da produtividade e lucros - afirmou o sultão, não muito satisfeito. - É um começo, assim como a presença de tia Meryem no conselho. Temos muito trabalho a fazer, meu amor.
- Quando você trará o filho de seu irmão para o Topkapi? - indagou Clara.
- Assim que chegarmos em Istambul, os janízaros o trarão, assim como sua mãe.
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O SULTÃO E A PRISIONEIRA
Chick-LitO sultão e a prisioneira é uma história romântica, porque narra o relacionamento ideal e, por isso, fictício, entre um homem e uma mulher. O protagonista é o avesso do homem que encontramos no presente e, a história, como uma ficção, apenas utiliza...