00.06

350 52 17
                                    



   Yeonjun abriu a porta de casa e me olhou quando soltei dois espirros, ele tirou os sapatos e sentou no sofá, me deixando parado na porta.

– Parece que você vai ficar doente. – Ele disse e procurou um kit de primeiros socorros na gaveta que havia ali perto do sofá. – Se quiser tomar um banho pode ir, é no meu quarto, a segunda porta à esquerda e tem toalhas novas no meu armário, vai lá que daqui a pouco eu subo.

– Tá bom. – Eu disse e tirei meus sapatos, quando cheguei mais perto do sofá eu soltei uma risada quando percebi que as meias de Yeonjun tinham desenhos de pequenos gatinhos nelas. – São fofas.

– Obrigado, eu gosto muito delas. – Ele disse e riu fofo e eu senti minhas bochechas quererem explodirem de novo.

Eu subi as escadas e eu percebi como a decoração da casa dele era diferente da minha, a dele eram cores bonitas, traziam um ar de suavidade, os retratos em família que ele tinha, com um pai e uma mãe felizes, como ele era uma criança normal.

Eu esbarrei em uma foto que o jardim de infância tirou para o dia dos pais, com Yeonjun e seu pai sorrindo felizes. Eu nem sei onde enfiei a minha.


"– Beomgyu, onde está seu pai? – A professora perguntou para o pobre garotinho que estava agachado fazendo desenhos na areia.

– Não sei, ele não vai vir. – Beomgyu respondeu simples continuando a desenhar o que quer que seja.

– Querido não diga isso, não vamos ser negativos. – A jovem moça disse e agachou e fez um carinho nas costas do menino.

– Eu tenho certeza que ele não vai vir, não adianta falar nada. Eu nem queria tirar essa foto mesmo. – Beomgyu disse, a professora sabia que era mentira, já que quando passou perto do banheiro masculino pode ouvir o pobre garoto chorando.

– Neste caso, você não vai poder tirar a foto. – A moça respondeu tristemente, queria ver aquele sorriso que amava de Beomgyu, que animava a escolinha.

– Tudo bem, eu posso ficar aqui até a festa acabar, eu não quero entrar lá. – Disse se referindo a grande festa que acontecia dentro da escola.

– Sinto muito Beom, eu volto com algo pra você comer, tudo bem? – A professora deu um beijinho e se levantou indo em direção à festa.

– Droga de dia dos pais. – Beomgyu sussurrou baixinho e continuou o desenho."

Eu entrei no quarto que Yeonjun tinha me falado onde era e era grande, arrumado, cheirava bem, tinha o cheiro dele, aquele perfume masculino que eu senti quando nos encontramos pela primeira vez, me perguntei o motivo de alguém precisar passar perfume pra jogar basquete mas não vou negar que o cheiro era ótimo.

Abri o armário dele e peguei uma toalha seca e entrei no banheiro.

Tirei as minhas roupas com cautela para não pegarem nos machucados, mesmo sabendo que vai arder quando eu entrar no banho, mas mesmo assim a dor tem que vir depois.

Me olhei no espelho e suspirei vendo aqueles machucados, era como se eu me forçasse a me machucar, mas eu não quero sentir dor, eu não quero nada disso.

Eu entrei no box e abri o chuveiro, e novamente, os machucados das minhas costas ardiam, mesmo cicatrizados, ainda sinto a dor que eles causam, e as vezes, eles realmente doem de
verdade.

Eu deixei a água molhar meus cabelos e coloquei o shampoo na minha mão, massageei meu cabelo sentindo a espuma na minha cabeça. Eu pensava no meu pai, na minha mãe, naquela família de merda.

That boy from the school bandOnde histórias criam vida. Descubra agora