New Orleans, Louisiana, 1863.
Os raios de sol da manhã iluminavam a movimentada rua principal de Sombravale, enquanto os cidadãos se despediam de seus entes queridos que partiam para a guerra. Soldados marchavam com determinação, com suas fardas azuis ou cinzas, carregando os fardos pesados do dever e do patriotismo.
Peter Hastings, o respeitado prefeito de Sombravale, observava a cena com uma mistura de orgulho e angústia. Ele sabia que muitos desses homens nunca voltariam, que suas vidas seriam sacrificadas em nome de uma causa maior. O peso da responsabilidade como líder da cidade pesava sobre seus ombros, mas havia também o fardo sombrio de seu segredo.
Enquanto Peter cumprimentava os soldados e suas famílias, uma tensão oculta percorria sua mente. Ele se lembrava das noites em que se transformava em um lobisomem, quando seu eu humano e racional se dissipava na escuridão selvagem. Essas transformações descontroladas resultavam na morte de inocentes, uma culpa que o assombrava dia após dia.
Margaret Thompson, uma mulher de olhar perspicaz, observava Peter com suspeita. Ela havia captado os indícios e os murmúrios que ecoavam pela cidade sobre o prefeito ser o lendário lobisomem de Sombravale. Margaret não era facilmente enganada e estava determinada a descobrir a verdade por trás das sombras.
Em uma noite tempestuosa, Margaret decidiu confrontar Peter, indo ao seu escritório na prefeitura. Com os olhos arregalados e um coração palpitante, ela encontrou o prefeito olhando pela janela, absorto em seus pensamentos.
"Peter", disse ela com uma voz firme, "eu não sou tola. Ouvi os sussurros e testemunhei coisas estranhas acontecendo nesta cidade. Você tem alguma coisa a esconder?"
Peter se virou lentamente, seu olhar encontrando o dela. Havia uma tristeza profunda em seus olhos, misturada com a ansiedade de ser descoberto. Ele hesitou por um momento, escolhendo suas palavras com cuidado.
"Margaret, eu entendo suas preocupações, mas você não pode imaginar a agonia que carrego comigo. Sou um lobisomem, uma criatura condenada a lutar contra meus instintos selvagens. Eu não escolhi isso, mas é o fardo que carrego."
Margaret olhou para ele com um misto de surpresa e compaixão. Ela não esperava essa confissão e se viu dividida entre a desconfiança e a empatia.
"Por que você não conta à cidade? Talvez possamos ajudá-lo a encontrar uma cura ou a aprender a controlar sua fera interior", sugeriu ela, lutando para compreender a situação.
Peter suspirou e caminhou até a janela, observando a chuva cair lá fora. "Eu temo que, se a verdade for revelada, a cidade nunca mais me verá como seu líder. Eu serei temido e rejeitado. E, além disso, existe uma organização sombria que busca dominar as criaturas sobrenaturais como eu. Eu não posso arriscar a segurança de Sombravale."
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Contos sem Fábulas
Short StoryO mundo poderia ser um lugar mais fácil de se viver. No entanto, existem tantos problemas que nunca poderíamos abordar em um simples livro. O que me atrevo a fazer é confrontar meus medos por meio de histórias transmitidas de geração em geração pelo...