Carta n°11

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Achei que a vida já tinha me tirado tudo que eu tinha, mas ela me mostrou que eu tenho muito mais do que eu pensava. E também que ela  pode tirar tudo isso de mim.

Achei que só por algumas perdas, desavenças e tragédias, o mundo teria acabado para mim.

Game Over, Lily.

Pensei que o mundo havia me esmagado e me jogado na lixeira há muito tempo, mas ainda não. Não acabou para mim.

O vento gelado que batia em meu rosto secou minhas lágrimas, quando pude jamais chorar mais. Não era um choro de desespero, era um pedido de socorro. Eu não aguentava mais perder um outro alguém, então pensei, apenas pensei, em dar um fim.
O prédio era pequeno; o terraço era fácil de se acessar e não era tão alto. Esqueci de meus pais, não lembrei da minha irmã, só pensei em Samuel e meu avô.

Olhava para a cidade e toda Nova Iorque com o rosto ainda úmido e respirando pela boca. Me perdi nos pensamentos vazios e só fiquei parada observando o Kamikaze subir e descer. O brinquedo do parque que ficava à quilômetros de distância ia para cima e para baixo, assim como minhas emoções. Consegui ouvir os gritos das pessoas, suas risadas e as coisas que saiam de suas bocas sujas.

Era engraçado. Até dei uma risada.

Queria viver de novo. Aquilo era o empurrãozinho que eu precisava para ficar legal. Desci de lá e então voltei para meu quarto. Senti o meu cobertor e fiquei vendo os adesivos de estrelas que brilhavam no escuro do teto. O motivo pelo qual eu uma vez quis deixar este mundo já não está mais na minha cabeça.

Não se preocupe comigo, estou exausta e cansada. Sei o que preciso fazer para melhorar e, agora, tenho luz. Posso brilhar como nunca.

A vida tirou tudo de mim, mas não vai tirar a mim.

Cartões por LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora