Além da entrevista, Hélio também escreveu sobre Geraldo em sua coluna, comentando sobre o profissional ético e dedicado que ele sempre foi, e do quanto era injusto ele ser escolhido como bode expiatório de algo que não foi sua culpa, esperava que, agora que ele tivera uma oportunidade de provar a sua inocência, a verdade fosse estabelecida e ele pudesse prosseguir com sua carreira. Como os dois e o advogado esperavam, o espaço que ele deu ao drama do ex-companheiro teve efeitos positivos, e logo começaram a chover postagens em defesa do técnico nas redes sociais, assim como campanhas contrárias ao São Bernardo. Mas o que realmente fez a diferença foi que Geraldo recebeu convites para trabalhar em dois times da série A que, por baixo desempenho das equipes, demitiram seus técnicos. Escolheu um deles, que era do campeonato paulista, impondo apenas duas condições: liberdade total para decidir sobre a equipe e não haver o compromisso de entregar grandes resultados àquela altura, tendo em vista que o ano já estava próximo do fim.
Depois da assinatura do contrato, fez questão de ligar para Hélio:
- Hélio, estou novamente trabalhando num time da primeira divisão, e de São Paulo! Queria te agradecer por isso, sem sua ajuda eu não teria conseguido.
- Não precisa me agradecer, Geraldo, fiz isso porque, como já disse, não posso compactuar com injustiças. E fico feliz que você tenha conseguido dar a volta por cima, sei que você saberá fazer um bom uso dessa oportunidade. – Respondeu o jornalista.
- Ah, pode ter certeza que o farei. A propósito, ainda não marcamos o dia em que você irá a Campos de Jordão se encontrar com meus filhos. Que tal este fim de semana?
- Creio que poderia ir sim, não tenho nenhum compromisso marcado. – Afirmou, como um gesto de boa vontade.
- Então arrume sua mala. E nem pense em ficar em hotel, temos quartos o bastante na casa.
- Mas não iria incomodar seus filhos? – Perguntou, com receio de ficar no mesmo local que a família do ex-namorado.
- Nem pense nisso, os meninos são ótimos e saberão lhe receber bem. – Disse o técnico, com a intenção de deixar Hélio à vontade.
- Bem, se é assim eu estarei lá, por favor me passe as coordenadas de como chegar à sua casa por WhatsApp. – Concordou.
- Passarei sim. E Hélio, fico realmente feliz que tenhamos conseguido dar esse passo. – Disse Geraldo a título de despedida, e desligou o celular.
- Só espero que ele não se revele um equívoco, Geraldo. – Disse Hélio para si mesmo.
No sábado pela manhã, Hélio saiu de sua casa, em seu carro, e tomou a direção da cidade serrana, com uma pequena bagagem para passar o fim de semana. Após umas três horas na estrada, chegou à cidade, e conforme as indicações dadas pelo ex-colega conseguiu encontrar a casa, localizada num dos pontos mais altos. Era uma casa grande, com primeiro andar, chaminé, jardim e piscina, pintada com cor de goiaba, e quando tocou a campainha viu Geraldo, vestido com uma calça de sarja e um moletom cinza, se dirigir até o portão grande e abri-lo para que entrasse com o carro.
- Seja bem-vindo à minha casa, Hélio, espero que goste. Os meninos estão lá dentro, preparando o almoço. – Disse-lhe quando ele saiu do carro após estacioná-lo, e apertou sua mão.
- Obrigado pela acolhida, Geraldo, a casa é muito bonita. Onde ficará meu quarto?
- No primeiro andar, ele tem uma ótima vista. Pode me passar sua bagagem que eu o levo até lá.
Hélio entregou sua mala a Geraldo, e os dois entraram na casa, que era muito bonita e tinha uma decoração em estilo clássico, com móveis em madeira de lei, alguns quadros e retratos de família. Um deles, emoldurado num grande quadro no centro da sala, chamava a atenção por mostrar o técnico, alguns anos mais jovem, ao lado de uma mulher bonita de cabelo louro e um casal de adolescentes, diante da Torre Eiffel.
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Jogadas e equívocos
RomanceHélio Laranjeiras e Geraldo Pellegrini foram grandes destaques do futebol paulista. Talentosos, esforçados e atraentes, dividiam os holofotes e sabiam combinar suas diferenças quando estavam em campo, tornando-se uma dupla de atacantes quase imbatív...