Capítulo Onze

31 5 0
                                    



-PoV Cosima-

Depois que Charlotte ficou de castigo por causa do seu zero proposital na prova de ciências, nossa convivência ficava cada dia mais complicada.

Minha filha tem um gênio explosivo igualzinho a mim, o que não é tão bom, já que ela chega ao seu limite muito rápido pelas coisas mais bobas. Mas às vezes também é ótimo, porque na maior parte do tempo eu sei como lidar com ela.

Como Felix havia voltado pra New York, Charlotte estava sem seu maior defensor e companheiro de loucuras, o que estava lhe deixando ainda mais entediada, estressada e com raiva da vida.

Eu sabia que ela já estava arrependida por ter entregue a prova em branco por pura pirraça, mas não retirei o castigo só porque ela me fez um pedido de desculpas, isso era o mínimo que ela deveria fazer, pedir desculpas.

Charlotte às vezes é muito manhosa, por conta da forma como o pai sempre a livrava de qualquer reclamação quando ela mostrava seus olhinhos pidões, mas comigo era diferente, minha mãe não me criou pra ser uma criança ou uma adolescente mimada, então também não farei isso com a minha filha, mesmo que em muitos casos eu tenha dificuldade de dizer não pra ela.

Pra tentar contornar a situação um pouco, todas as vezes que eu percebo que Charlotte tenta me dar gelo, eu começo a fazer qualquer coisa que ela goste muito, tipo "arrumar" fotos antigas da família ou qualquer outra coisa parecida, então no segundo seguinte ela chega ao meu lado só pra olhar o que eu tô fazendo e em pouco tempo estamos conversando, como se nada tivesse acontecido.

Eu estava trabalhando no meu escritório quando ouvi a campainha tocar e até estranhei por não estar esperando ninguém e ainda faltar uns vinte minutos pra Charlotte chegar da escola.

Como eu tenho câmeras de segurança na frente e atrás da casa, eu abri as telas no meu próprio computador e fiquei surpresa ao ver Delphine e Charlotte na porta.

-O que essa menina aprontou agora pra professora ter que vir deixar ela em casa? -pensei em voz alta enquanto ia atender as duas ansiosamente a passos largos.

-Oi. -falei um pouco travada ao ver Delphine como sempre tão linda na minha frente e parecia que eu tinha até perdido a habilidade de falar, porque mais nada além daquilo saiu, só um sorriso nervoso.

-Oi, Cosima. Boa tarde. Tá tudo bem? -ela perguntou provavelmente notando meu humilhante nervosismo.

-C-claro, tudo ótimo. Só não tô entendendo muito bem porque Charlotte veio com você hoje e não no ônibus.

-Ah. Não foi nada demais...

-O que você aprontou, ein mocinha? -perguntei apressadamente cortando a explicação de Delphine e Charlotte me encarou franzindo o cenho.

-Ela não fez nada, Cosima. Foi só o ônibus que teve problemas mecânicos e eu me comprometi de deixar ela aqui. Daqui que a escola te ligasse pra você ir lá buscar ela, ia demorar muito.

-Ah, sim. Obrigada, Delphine. Eu nem sei como te agradecer.

-Agora você sempre acha que eu faço coisa errada por conta de uma prova chata que eu não respondi. -minha filha falou logo em seguida fazendo minhas bochechas queimarem de tanta vergonha da sua malcriação.

-Charlotte! Isso é coisa que se diga? -repreendi ainda sem acreditar no que ela tinha acabado de falar.

-Você me ensinou a sempre falar a verdade. -Charlotte rebateu com seu semblante de criança implicante e eu não sabia onde enfiar minha cara.

-Você não tá falando a verdade, você tá querendo ser maldosa e mal criada, eu te conheço muito bem. Agora pede desculpas pelo o que você falou, agradece a carona e vai direto pra o seu quarto.

Meramente Amor (Cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora