Meramente Amor (Cophine)

Capítulo Vinte e Quatro

-PoV Cosima-

Depois que eu e Charlotte conversamos sobre Delphine, eu sentia que as coisas vinham aos poucos melhorando. Além de não ouvir mais nenhuma reclamação da minha filha, quando fomos jantar fora com Shay e Felix durante a semana, ela perguntou se Delphine também iria.

Eu respondi que não, porque realmente nem tinha pensado em chamá-la devido a implicância boba da Char, mas depois disso, vi que seria o momento ideal pra marcar alguma coisa só entre nós três. Então, no outro dia eu liguei pra Delphine e a convidei pra ir ao aquário com a gente.

Já fazia tempo que eu queria levar Charlotte lá e Delphine havia dito que queria conhecer algum sistema que eu fiz, então nada melhor que ela ver uma coisa legal e não um sistema médico do Dyad Labs. Eu não costumo aceitar muitos trabalhos como freelancer fora da minha bolha do laboratório, mas criar uma assistente eletrônica pra um ponto turístico movimentado não é algo que se deve recusar.

Mesmo com um pouco de receio, unir o útil ao agradável deu muito mais que certo. Acho que Delphine e Charlotte têm o mesmo gosto e admiração pela vida aquática, então não faltou assunto entre elas. E eu, terminei sendo apenas a guia junto com meu sistema de apoio aos visitantes.

Quando terminamos o passeio, fomos a um pequeno mercado onde vendia todo tipo de souvenir, as pelúcias com certeza eram o que chamavam mais atenção e Delphine surpreendeu Charlotte com um boto-cor-de-rosa que era a sensação daquele lugar. Todo mundo entre a gente parecia ter uma lembrancinha do boto e com a minha filha não foi diferente. Tivemos que fazer ela reparar e gostar de outras coisas, ou ela sairia de lá carregada de botos em todas as suas formas disponíveis.

Depois das lembrancinhas compradas, passamos pela barraquinha de lanches e seguimos até a área externa onde também haviam dezenas de esculturas espalhadas.

O jardim lembrava um espaço para piquenique, então todo mundo comprava suas comidas e iam sentar na grama, que recebia os últimos raios solares do dia.

O clima frio com o sol batendo na pele era realmente uma delícia, então seguimos o efeito manada e fizemos a mesma coisa que todos estavam fazendo.

-Qual foi a sua parte favorita, mamãe? -Charlotte perguntou segundos antes de morder seu hot dog, mas contive minha resposta verdadeira só pra mim.

Minha parte favorita com certeza foi presenciar as duas se dando bem e ver a Charlotte segurar a mão de Delphine enquanto elas observavam um crocodilo bebê que tinha sido resgatado há poucos dias de uma quadrilha de tráfico de animais. Charlotte não é o tipo de criança que gosta muito de contato físico, então me surpreendeu que ela tenha pego a mão de Delphine em tão pouco tempo de aproximação.

Como eu não podia responder aquilo, pensei em algo que chegasse pelo menos perto da felicidade que eu senti lá dentro. Cavalos-marinhos talvez? Ou lagostas bebês?

Qualquer coisa parecia insignificante perto da alegria que estava instalada em meu peito.

-Hm, acho que eu gostei mais das águas-vivas. -respondi depois de levar um tempo considerável pra isso.

-E você, Delphine? -minha garotinha perguntou chamando a professora pelo primeiro nome, já que a própria insistiu pra que fosse assim, pelo menos fora da escola.

Delphine parecia já ter sua resposta pronta, mas ainda assim, ela também demorou a responder. Ela olhou pra mim rapidamente antes de qualquer coisa e sorriu de uma forma não tímida, mas pensativa, talvez.

-O que eu mais gosto sobre isso tudo é a ideia de que a gente ainda tem tanto pra conhecer. Dentro do mar tem um outro universo que ainda não conhecemos quase nada. O desconhecido deveria me assustar, eu sei que assusta muita gente, mas não me assusta, eu vejo como um caminho pra conhecer coisas novas.