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Depois de mais um dia cansativo de trabalho chego em casa. As luzes da sala e cozinha estão apagadas, então deduzo que Shuhua acabou pegando no sono mais uma vez, isso tem acontecido frequentemente. Yuqi deve ter saído há alguns minutos então creio que não devo me preocupar.
Tiro meus sapatos e depois meu casaco, logo procuro pelo interruptor e acendo a luz da sala. Deus, isso está uma bagunça, parece que um furacão passou aqui, algumas coisas estão quase que arrumadas, talvez Shuhua tenha tentado arrumar.
Desde o acidente ela tenta ser o mais prestativa possível, eu sempre a encorajo e tudo mais, só que me sinto péssima quando algo da errado e ela fica frustrada por não ter conseguido fazer tal coisa.
Tento colocar tudo em seu devido lugar sem fazer muito barulho já que a audição de Shuhua ficou mais aguçada. Mas parece que acabei sendo descuidada, porque segundos depois ouvi passos.
- Amor, é você? - ela pergunta meio desconfiada e de uma distância segura.
- Sim, sou eu. - me levanto do chão e vou até ela, pegando delicadamente sua mão. - Como foi seu dia? - ela apalpa minha mão e da um largo sorriso ao ouvir minha voz.
- Foi bom, Yuqi me ajudou a decorar cada centímetro da casa. - disse e deu alguns passos, ficando perto do sofá, ela pareceu contar até três e se atirou para trás caindo no meio das almofadas. - Viu? - riu orgulhosa e virou o rosto na minha direção.
- Isso é ótimo.
Apesar de querer ficar feliz por ela não consigo, é agonizante vê-la desse jeito, tem tantas coisas que ela adorava fazer...e agora ela simplesmente não pode. E é tudo culpa minha.
Me esforço ao máximo para não desabar ali mesmo, não posso de jeito nenhum demonstrar fraqueza, preciso ser forte por mim, por ela e pelo nosso filho.
- Amor, eu estive pensando e... - ela parecia insegura sobre sua fala. - E..acho que o Hajun já pode voltar para casa. Tenho certeza que posso cuidar dele.
Posso sentir meu coração se quebrar ao ouvir aquilo, mas não posso deixá-la sozinha com ele, não que eu não confie nela, mas Shuhua além de dormir bastante e do nada, também tem tido desmaios. É por esse motivo que Yuqi fica aqui todos os dias até eu voltar do trabalho.
- Baby... - digo e seguro sua mão, mas ela parece se dar conta de qual vai ser minha resposta e a solta bruscamente. - Você sabe que eu confio em você, mas e se você acabar tendo um desmaio ou coisa do tipo? Sabe que demora para você acordar. E se algo acontecer com ele nesse meio tempo? Eu jamais me perdoaria.
- Mas que porra, Soojin. Ele também é meu filho. - diz nitidamente com raiva, é a primeira vez que a vejo desse jeito depois do acidente. - Já faz 2 meses e eu mal posso ficar com ele, por que você quer me afastar dele? - questiona já aos prantos e seu rosto passa a ficar vermelho. - QUE TIPO DE MÃE VOCÊ É?
São as últimas coisas que ela diz, ou melhor, grita, antes de desmaiar. Rapidamente a pego em meus braços e levo ela para nosso quarto, puxo a coberta e a coloco lá. Dou um beijo em sua testa antes de ir para o quarto de hóspedes, ela com certeza não vai querer ficar perto de mim.
A única coisa na qual consigo pensar enquanto tomo banho é sobre os acontecimentos desses últimos dois meses. Uma onda de tristeza bate em meu peito e sinto as lágrimas escorrerem pelo rosto.
Me recomponho e saio do banheiro, Shuhua já deve ter acordado e percebido que estou aqui, já que a porta do quarto agora está aberta.
Configuro meu alarme e repouso minha cabeça no travesseiro, amanhã será o dia em que o médico irá dizer se Shuhua vai ou não voltar a enxergar. E apesar de estar super ansiosa, sem sono algum, e com medo de ter mais algum pesadelo sobre aquele dia, preciso dormir pois o dia de hoje foi bastante cansativo.
