RAFAELLA
Os dias passaram voando na semana. Talvez por eu ter tido inúmeras coisas a ser resolvidas. E resolvi! Enfrentei mais algumas reuniões sobre o projeto, fiz exames de rotina na clínica hospitalar, e tive uma reunião também na creche de Sofia. Porém dessa vez, Gizelly me acompanhou. Na volta para a agência, a mãe da minha filha me convenceu em autorizar a ida da mesma ao acampamento infantil no próximo mês. Confesso que estive temerosa em relação à isso. No entanto, concordei com tudo que Gizelly me disse durante o caminho, confiando na escola e nas professoras. O que me fez chegar em casa naquela mesma noite e entrar em contato com a secretaria. Dando assim o meu aval.
Gizelly esteve presente até demais essa semana. Estranhei esse fato dela estar mais carinhosa e ter ido em minha casa todos os dias, porém não reclamei. Foi um estranhamento bom. Eu estava gostando. E por um milagre divino, não brigamos e nem sequer discutimos.
Diante de tantos acontecimentos, a sexta-feira chegou. Eu estive de folga durante todo o dia, diferente de Gizelly que sumiu desde o dia anterior devido ao plantão. Quando ela foi liberada às cinco da tarde, passou em meu apartamento para buscar nossa filha e eu. Passaríamos o resto da tarde em sua casa, e dormiríamos por lá.
Enquanto ela tomava banho e descansava algumas horas, eu preparava o jantar. Mais tarde, por volta das sete da noite, já estava tudo pronto. Jaqueline chegou e foi direto para o banho. E após alguns minutos ela voltou, me encontrando ainda na cozinha, espremendo laranjas para o suco.
- Quer ajuda Rafa?- Perguntou ela, indo em direção a geladeira.
- Já está tudo pronto, só terminando aqui.- Respondi de forma educada e a vi bebendo um pouco de água. - Muito trabalho?-
- Nossa, muito... Essa semana aquele hospital esteve pequeno.- Um suspiro cansado saiu de seus lábios, encostando-se no balcão logo em seguida.
- A Gi comentou comigo. Teve três cirurgias de emergência né, na ala clínica?-
- Sim, três. Um deles uma criança de três anos, fraturou o bracinho.-
- Eu tenho um medo danado dessas coisas, Gizelly me convenceu em deixar Sofia ir no acampamento na escolinha. Meu coração ta inquieto.-
- Mas por que? Já teve casos assim lá?-
- Não que eu saiba. Mas ela já se machucou em um simples passeio.-
- Mas é normal Rafa, criança é assim mesmo.-
- Sim! Eu deixei ela ir. Mas ainda assim estou preocupada, são três dias.-
- Mas vocês vão ter o contato de alguém lá?-
- Sim, eles sempre deixam, e sempre mantém os pais atualizados de tudo que as crianças fazem. Mandam fotos, vídeos... Mas estou tentando me manter tranquila.- Respondi por fim com uma risada nervosa, e ela também riu. - Bom, vou lá acordar a Gi. Já pode sentar na mesa ta?-
- Obrigada Rafa!-
Segui até o quarto e encontrei Gizelly dormindo, toda a vontade na cama. Com calma e cuidado chamei por ela e esperei até que a despertasse cem por cento.
O jantar rolou de maneira tranquila e amena. Quando terminamos, não enrolamos para retirar a mesa. Liberei Gizelly para que voltasse ao quarto e ela levou Sofia consigo. Jaqueline me ajudou a organizar as coisas e quando terminamos, ela também foi se deitar, alegando falar um pouco com o namorado por telefone. Em seguida fui a procura de um banho e quando saí no quarto, Gizelly e Sofia já dormiam. Me juntei à elas e também me entreguei ao sono.
****
Na manhã seguinte de sábado, Gizelly me acordou com café da manhã na cama. E junto da bandeja com tudo que tenho direito, flores. Lindas flores.