quem fomos, quem somos, quem vamos ser.

248 29 2
                                    

as mãos de Suguru pareciam menores do que realmente eram perto das mãos de Satoru.

as pontas do seus dedos chegavam apenas até a última junta. gojo podia segurar as duas mãos de suguru facilmente e ainda sobraria espaço.

quando é verão e é muito quente, seu dedinho está entrelaçado com o de suguru. quando frio, as duas mãos de satoru seguram as duas de suguru e sopram ar quente para que eles esquentem. quando é noite, muito após a hora certa de se dormir, quando estão jogando conversa fora para aproveitar um pouco mais a presença um do outro, suguru deixa satoru tracejar as linhas de sua mão só para ele dizer que a linha do amor é destinada para ele.

geto não sabe muito sobre leitura de palmas, e ele tem certeza que gojo também não porque a 'linha do amor' que ele sempre aponta é, na verdade, a linha da vida.
mas ele está certo, no fim das contas. seu coração e sua vida estão destinados e reservados para ele. satoru não podia estar em outro lugar que não fosse ao seu lado, segurando seus dedos com cuidado, brincando sobre um dia colocar um anel num deles, beijando suas juntas. satoru está na sua linha do coração tanto quanto suguru está na dele.

e, quando ele sente uma vontade inexplicável de chorar, ele consegue ver suas mãos se distorcendo mais e mais até se tornarem um borrão misturado. ele vê suas mãos entrando nas de satoru, pele e digitais e sangue e DNA juntos.

então, elas se separam e suguru é suguru e satoru é satoru. e o que é dele, suas mãos e seus dedos, se fazem presentes embaixo de seus olhos limpando as poucas lágrimas que caíram.

as mãos de Gojo foram feitas para si, e apenas para si. elas são perfeitas para segurar, tocar. geto não consegue se imaginar numa vida onde suas mãos não fazem cafuné no seu cabelo, ou não estando em sua cintura em salas de aula abandonadas, ou tocando seu corpo porque satoru ama tocar seu corpo.

e suguru ama, ama, ama como elas se encaixam. como se sempre pertencessem ao seu corpo. ao seus quadris. ao seu pescoço. ao seu cabelo. às suas próprias mãos.

todas as linhas das palmas de gojo satoru o pertencem.

o que ele foi, é e vai ser, é seu.

quiromanciaOnde histórias criam vida. Descubra agora