Your lips + My lips

004 - É bom.

Denver 2024-

Minutos se passavam, nem notícia de Bruce e Vance, prosseguia com a companhia ínclita do Arellano, o mesmo fez questão de continuar junto a mim dizendo que "Só assim você não entra em confusão". Como se ele não fosse a definição de confusão.

Tínhamos voltado ao sofá onde o  mexicano estava junto do Hopper à minutos atrás. Agora ocupado por mim e pelo garoto de madeixas escuras.

Checava meu celular de cinco em cinco minutos, à espera de alguma mensagem de Bruce. Mas nada vinha, mensagem, ligação, nada.

— Relaxa. —a entonação de despojamento do Arellano me fez olhar em sua direção, voltando minha atenção à agitação das pessoas em seguida. O garoto estava com sua cabeça encostada na cabeceira do sofá, tinha seus braços cruzados, suas orbes estavam direcionadas à movimentação à frente.

— Eles devem tá' se pegando em algum lugar. —continua o outro me fazendo suspirar. Pior que o mesmo tinha razão, se tudo tivesse dado certo, na melhor das hipóteses os mesmos estariam sim se pegando. Mas ao menos esperava que Bruce me avisasse de algo, assim poderia ir embora, mas ficava complicado em saber se iria com Vance ou comigo.

— Eu sei, mas ele poderia me avisar. —guardo meu celular mais uma vez, cruzando os braços em seguida emburrado.

— Está com pressa, loirinho? —a forma presunçosa como me chamou levou minha atenção a si. Seus olhos rapidamente foram de encontro aos meus me encarando de volta.

— Estou, não aguento mais esse lugar. —respondo encostando minha cabeça na cabeceira do sofá, assim como o outro. O fedor de cigarro, álcool, perfumes, tudo misturado no ambiente me causava enjoo.

— Por que não vai socializar? Não me diga que veio a essa festa só para encontrar Vance. —diz o garoto com um olhar julgador.

— Pois é, eu só vim pra isso. — Respondo simplista, ignorando seu olhar sobre mim.

— Você pode avisar que já vai. —profere o outro com naturalidade, como se eu já não tivesse pensado nessa possibilidade.

— Eu sei, mas não quero voltar de Uber. —profiro ao outro fechando os olhos sentindo minha cabeça começar a dar leves pontadas pela música estridente.

— Eu te levo. —ao ouvir as palavras saírem dos lábios do Arellano, abro os olhos perguntando-me internamente se havia ouvido certo.

— O que disse? —inquiro ao moreno, desconfiando se meus ouvidos estavam me enganando ou realmente ouvi corretamente.

— Disse que posso te levar. —novamente ouço as palavras inacreditáveis, do fato inverossímil, estava supreso do outro se oferecer de uma forma tão espontânea, inesperada.

Estava possível demais, Arellano me dando carona? Não, só pode ser alguma piada. Há poucos dias atrás estávamos quase nos matando, e agora me oferecia carona? Suspeito.

— Não quer me sequestrar, né? —pergunto desconfiado ao garoto, na medida em que mantinha meu olhar em si, analisando-o.

— Por que caralho eu ia querer te sequestrar? —o mexicano revira os olhos, ainda assim desconfiava de si.

— Não sei, tráfico humano dá muito dinheiro. —digo ao idem que me encara com uma expressão incrédula.

— Você continua paranóico. —cumpro os lábios encarando o Arellano por alguns segundos até desviar o olhar.

— Mas, se não quiser, pode ficar aí, quem sabe você não encontra o Vance e o Bruce, ai eles deixam você ficar de vela. —a fala irônica do moreno me faz revirar os olhos.