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O jantar com o Greg foi bom, assim como todas as vezes que comemos juntos. Muita sujeira, bebida e risadas. Ele era um cara muito legal e por mais incrível que possa parecer, ele gostava das idiotices que eu falava. Conversamos bastante sobre sua viagem e o que eu tinha planejado para ela, em troca Greg me contou mais sobre Lisa e como tudo com ela era melhor. Confesso que me senti enciumada e quando contei isso a ele seu sorriso ficou ainda mais largo.

Ouvimos algumas músicas e depois de algumas taças de vinho nós dançamos feito dois idiotas no meio da sua sala de estar enorme. Greg nunca me dizia o quão rico era, mas eu tinha uma breve noção já que ele sempre usava os melhores ternos, tinha muitos funcionários particulares, tinha dois apartamentos na cidade e algumas propriedades em outros lugares. Ele nunca me diminuiu por eu não ser rica como ele, muito pelo contrário, quando nos conhecemos ele nem me perguntou o que eu fazia ou sobre meu status.

Greg havia ido a uma galeria de arte na qual eu trabalhava e me tomou duas horas de conversa sobre como os quadros eram feios. Nos perguntamos por que chamavam aquilo de arte e ele acabou me contando sobre sua vida, sobre como estava em um momento complexo da sua vida e que precisava de bons conselhos. Eu obviamente não tinha nenhum para dar, mas ele pareceu gostar da minha companhia e me perguntou se eu não queria trabalhar com outra coisa. Foi então que meses depois eu recebi um treinamento especial para ser sua assistente jurídica.

Estudei muitas noites, além de precisar conciliar minha vida chata com a agitada do Greg. Meus primeiros meses foram difíceis e eu sentia que sempre estava fazendo as coisas erradas, mas no fim do dia ele sempre me tranquilizava e dizia que eu estava no caminho certo. No meu primeiro ano nós não éramos tão próximos, mas nos anos seguintes nossa relação evoluiu drasticamente. Greg sabia tudo sobre mim e eu sabia algumas coisas dele. A vida profissional dele era totalmente aberta a mim, mas a pessoal foi se abrindo com os tempos.

Agora chegamos ao que somos hoje. Sem ele eu não sei o que seria da minha vida, sou eternamente grata por tudo o que ele fez por mim. E agora imaginar cinco meses longe dele seria algo muito difícil de aguentar.

Taylor me questionou diversas vezes se o tal sobrinho do Greg era bonito e gostosão, eu neguei muitas e muitas vezes. Ele era bonito? Era. Seus ombros largos eram chamativos? Eram. Seu sarcasmo era ligeiramente atraente? Era. Mas eu não confessaria isso. Não mesmo! Já estava cansada dos encontros chatos dos fins de semana, então acabei dando um tempo a dois meses atrás . Desde então decidi que era hora de focar em mim e na minha vida totalmente sem emoção.

Diante de Greg e da Lisa, eu não derramei nenhuma lágrima. Estava bem triste e sentindo que estaria sozinha naquela empresa, mas não me permiti demonstrar muita tristeza. Não queria que Greg se sentisse mau por estar viajando, afinal ele não fazia uma viagem a muito tempo e a forma como Lisa o deixava feliz também me deixava feliz. Quando eles embarcaram na primeira classe eu suspirei e decidi passar o restante do meu dia sentada no sofá maratonando mais uma série.

Era um sábado normal, sem emoções. Apenas Toby e eu comendo e andando pelo apartamento, enquanto Taylor e seu namorado viajavam para a Califórnia. Seria uma semana bem longa para mim, sem a garota barulhenta e risonha com quem eu dividia o apartamento. Eu gostava dela e mesmo sendo bagunceira, eu gostava de tê-la todos os dias ao meu lado. Além de amar a comida que ela fazia.

Eu só saí no fim de semana para levar Toby para passear e fazer suas necessidades, depois disso voltei direto pro apartamento. Passei a tarde de domingo na sacada do meu apartamento vendo o sol se pôr e esperando mais uma das milhares de fotos da viagem do Greg. Assim que ele a mandou eu corei. Respondi que ele era um desavergonhado por ter me mandado uma foto da sua namorada de costas apenas de lingerie. A coitada nem imaginava que ele estava exibindo o corpo escultural dela para sua assistente e isso me fez rir.

Então, comecei a semana sem muita animação. O sobrinho chato do Greg estava trancado na sala do tio quando cheguei, então resolvi me sentar na minha mesa e dar uma olhada nos papéis deixado pelo meu chefe. Pensei em chamar aquele mimado para conversar sobre o julgamento de quinta-feira, mas desisti assim que o vi passando cheio de pressa pelo corredor. Ele nem ao menos me cumprimentou ou olhou para mim, totalmente sem educação! Mais um motivo para eu não gostar dele.

Então na terça-feira eu decidi dar um jeito naquilo, depois de receber algumas broncas do Greg por telefone. Eu cheguei na empresa da mesma forma que sempre fazia quando o Greg estava, comprei um café para ele na cafeteria do Joe e levei um donut com recheio cremoso de morango. Abri a porta com delicadeza e fui o mais profissional possível, mas dei de cara com um rapaz carrancudo com um café grande nas mãos.

— Imagino que o Greg gostasse desse tratamento, mas eu não sou muito fã de donuts.— Evan fechou seu notebook e bebeu mais um pouco do próprio café.

— Nós tomamos café da manhã juntos para discutir os assuntos do dia.— eu o corrigi e ele balançou a cabeça em negação.

— Já sei como resolver meus assuntos, mas obrigado pela gentileza!— ele sorriu abertamente e ficou me assistindo ficar gradativamente mais irritada.— Precisa de mais alguma coisa, Senhorita Howard?— ele ergueu uma das sobrancelhas e eu respirei fundo.

— Fique com o café da manhã, você vai precisar!— eu deixei a embalagem em cima da mesa de madeira e sorri.— O Senhor Clifford, da Clifford Construções está a caminho para uma reunião de emergência sobre o caso dele.— o semblante dele mudou instantaneamente e ele largou o café imediatamente, procurando em sua mesa o que precisava para o caso do homem.— Mas imagino que você tenha tudo sob controle.— bebi um longo gole do meu café e sorri de forma debochada.

— Pode voltar para a sua mesa, Alex!— ele murmurou sem nem ao menos me olhar.

— Senhorita Howard!— eu o corrigi enquanto deixava a sala dele. Um sorriso mais do que presunçoso nos meus lábios.

Ele nem saberia por onde começar e eu sabia exatamente como acalmar Ryan Clifford, mas já que ele não queria minha ajuda eu não poderia fazer muito. Fiquei sentada na minha mesa a tarde toda, enquanto ele estava na sala de reuniões com o Senhor Clifford.

— Quando puder me ligue, Alex! Wendy ficará feliz de almoçar com você!— o senhor barrigudo abriu um sorriso de longe para mim e assim que Evan se aproximou ele fechou seu semblante quase magicamente.— Espero que resolva isso logo, nunca precisei esperar por respostas quando se tratava do Greg!— ele soou bem ríspido e mau humorado. Isso fez eu me sentir tão bem.

— Pode deixar, Senhor Clifford!— Evan tentou se despedir com um aperto de mão mas foi ignorado. Logo ele estava passando por mim muito mau humorado.

— Dia difícil, Alex?— Kelly perguntou ao me entregar um suco de laranja. Eu sorri abertamente.

— Na verdade, está sendo muito agradável!

𝒌𝒏𝒐𝒘𝒊𝒏𝒈 𝒍𝒐𝒗𝒆 • 𝒆𝒗𝒂𝒏 𝒑𝒆𝒕𝒆𝒓𝒔 Onde histórias criam vida. Descubra agora