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Drivers License. Olívia Rodrigo, nada fez tanto sentido enquanto eu dirigia até o prédio daquele bêbado infantil. Eu gostava da música, gostava muito! Mas ele conseguiu destruir ela para mim.

Eu realmente não esperava que ele soubesse a letra, mas infelizmente ele cantou a música inteira. Essa não foi a pior parte, quando a minha playlist foi direcionada para os hinos da Taylor Swift ele enlouqueceu, cantou tudo com uma péssima afinação.

— Que Deus me ajude!— exclamei parando no sinal vermelho.

Ele riu e prosseguiu com sua cantoria até eu literalmente largar ele no carro e entregar a chave ao manobrista. Pedi que o porteiro abrisse o portão para ele e permiti que ele entrasse sozinho. Depois de pegar um táxi e chegar em casa, eu dei comida para Toby e me acomodei no sofá. E como já era de se esperar Greg me atualizou sobre sua viagem e me perguntou como havia sido o julgamento, então depois de uma semana difícil eu finalmente consegui lhe dar boas notícias.

Então ele me disse que queria muito poder comemorar comigo, com a ida ao nosso restaurante favorito para comer nossa sobremesa favorita. Eu fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Ter ido àquele bar com o Evan mudou minha perspectiva sobre ele e me fez ver um pouco do Evan do qual Nora havia se referido. Talvez daquele momento em diante algo pudesse mudar.

Nos dias seguintes Evan mudou comigo de certa forma, ainda não existiam os cafés da manhã e os almoços. Mas fazíamos pelo menos uma reunião por dia para nos atualizar sobre os casos e eu comecei a sentir que as coisas poderiam dar certo.

Até um grande caso cair em nossas mãos vindo direto da presidência e perdermos totalmente a cabeça.

Trabalhamos noite e dia, totalmente exaustos e mau humorados. Sempre havia algo para fazer. Um relatório para ler, uma prova para buscar, uma testemunha para interrogar, fichas criminais para examinar e dados de contas bancárias para checar. Era um grande caso e tínhamos medo de errar. Então mais uma vez Evan se trancara na sala e me deixava do lado de fora, quando nos reuníamos dificilmente as coisas corriam como esperado.

— Você precisar ir até o Brandon e pedir que ele acelere esse processo!— ele massageou as têmporas demonstrando irritação e impaciência.

— Não é assim que funciona e você como advogado deveria saber.— eu debochei e respirei fundo.— Deram o prazo de quarto dias, então só podemos esperar.

— Não temos tempo, Alex!— ele soou tão ríspido que eu quase, por pouco, não perdi meu autocontrole.

— E você acha que eu não sei? Eu tenho corrido dia após dia de um lado para o outro atrás do documento que a acusação supostamente diz ter e eu não sei se você percebeu mas eu não sou advogada, e eles insistem em dizer que apenas o advogado do caso poderia conseguir tal documento.— e eu soltei o ar que prendia em meus pulmões diante daquela avalanche de raiva.— Satisfeito, Evan?— questionei.

— Eu...— ele fez uma pausa e assistiu eu tentar me acalmar.— Precisamos achar um jeito.

— Você disse a palavra certa. Precisamos. Nós, não apenas eu.— eu o olhei de forma dura e sem paciência alguma.— Eu não sou advogada, então não espere que eu consiga fazer o possível e o impossível por esse caso. Existem limitações para mim nesse caso e eu já as atingi.— e então meu peito se apertou ao pensar que pela primeira vez em anos eu não sabia o que fazer.— O Greg sabia exatamente até que ponto eu poderia ir e era nesse momento que ele agia.

— Então está dizendo que preciso agir?— ele perguntou pensativo.

— Achei ter deixado isso bem claro com meu discurso.— soei bem sarcástica e ele fez uma careta.

— Preciso pensar.— murmurou.

— Antes disso, eu vou pegar um café porque eu estou muito cansada.— me levantei com pressa.

— Faria a gentileza de trazer um para mim também?— ele sorriu lateralmente e eu cerrei os olhos.— Se eu pedir por favor como uma garotinha de doze anos você se sentiria mais familiarizada?— e foi então que ele conseguiu arrancar um sorriso meu.— Isso é um sorriso, Senhorita Howard?— ele esticou seu indicador na minha direção e eu revirei os olhos.

— Saiba que vou trazer um idêntico ao meu.— me adiantei a dizer e ouvi ele resmungar.

— Mas eu não gosto de canela.

— E eu não ligo!— rebati seu comentário e segui meu caminho.

Foi a primeira noite que passei com ele no escritório. Diferente do Greg que passava quase todas as noites comigo, sempre íamos para casa por volta de uma hora da manhã. Perdíamos totalmente a noção da hora quando ficávamos rindo para nos distrairmos de um caso difícil ou depois de um dia cansativo de trabalho.

Então passar esse momento com o Evan me fez perceber que existia um pouco de familiaridade com os meus momentos com o Greg. Foi bom! De vez em quando ele me provocava com alguma piadinha sarcástica e eu rebatia com o meu humor considerado ácido, por muitas pessoas. Ele ria. Dizia que para uma assistente eu era muito abusada e que em outras circunstâncias eu nunca trabalharia para ele. Obviamente eu o respondi, disse que não trabalhava para ele e que de forma alguma eu concorreria à um cargo para trabalhar para um cara tão desonesto quanto ele.

— Afinal, se você foi capaz de roubar meu lugar em uma fila de cafeteria, então do que não seria capaz?— eu zombei e ele mais uma vez riu. Dessa vez gargalhou de uma forma bem gostosa de se ouvir e eu me peguei pensando em como estar jogada com ele no chão do seu escritório, zombando do nosso primeiro encontro possa ter me deixado tão atraída por ele.

Corrigindo! Levemente atraída. Acho que devo isso ao seu cabelo desarrumado, a gravata jogada ao chão e seus pés sem sapatos. Além é claro, da forma como ele estava praticamente deitado no chão. Como eu pensei "levemente atraente".

Quando olhei meu celular notei que já eram quase duas horas da manhã e achei que fosse hora de ir para casa. Ele insistiu para me levar de carro, mas eu não queria, então disse a ele que não queria ter mais uma playlist estragada por ele. Mais um sorriso. Tinham sido muitos apenas hoje, mais do que eu esperava.

Então chamei um táxi e a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um banho. Meu corpo estava tenso e eu precisava relaxar antes de dormir. Toby me esperava do lado de fora do banheiro quando terminei o banho e assim que deitei na cama ele logo veio se aconchegar ao meu corpo. Era bom ter um companheiro de cama, já que eu não teria um relacionamento tão cedo.

Taylor voltara no dia seguinte e me contou todos os detalhes da sua viagem com Travis. Os dois visitaram muitos lugares bonitos e ela dizia parecer estar em uma lua de mel sem fim, era bom vê-la feliz daquele jeito. Afinal, Taylor já teve muitos relacionamentos ruins e eu senti que com Travis era diferente. Percebi isso na forma como ele a tratava e dizia a amar, eles são sempre muito melosos quando estão juntos mas eu já me acostumei e no fundo eu sinto certa inveja.

— E o gostosão?— ela questionou enquanto mordia um dos meus morangos.

— Eu nunca disse que ele era gostosão.— resmunguei e ela deu de ombros parecendo não se importar.— Estamos nos dando bem, eu acho. Por mais que não seja da mesma forma que era com o Greg, eu sinto que estamos no caminho certo.— respondi simples.

— Interessante!— ela parecia ter certa intenção no seu tom de voz e isso me fez estreitar os olhos desconfiada.— É interessante também eu ter entrado nas redes sociais dele e ter descoberto que ele é um filantropo muito gato.— Taylor virou a tela do seu celular para mim e eu não respondi nada quando vi a foto do rapaz malhando.

Cabelos presos, corpo levemente suado e seu sorriso perfeito nos lábios. Isso era muito injusto. Muito injusto comigo.

𝒌𝒏𝒐𝒘𝒊𝒏𝒈 𝒍𝒐𝒗𝒆 • 𝒆𝒗𝒂𝒏 𝒑𝒆𝒕𝒆𝒓𝒔 Onde histórias criam vida. Descubra agora