~Mattheo~
Estava sentado na igreja olhando a imagem de Jesus Cristo pregado na cruz pensando o quão patético é tudo isso, esperar uma pessoa morrer pra então ela pagar pelos seus pecados.
Tanta gente ruim tendo uma vida maravilhosa, uma vida perfeita e só quando morrerem vão pagar por algo? Patético, por isso eu faço oq eu faço.
Fechei os olhos e me lembrei de 5 dias atrás, os gritos daquele verme implorando pela vida, a faca perfurando cada centímetro daquele corpo nojento, o sangue dele por toda parte, o sorriso no meu rosto.
-Rezando meu filho?- Fui cortado dos meus pensamentos por uma senhora se sentando ao meu lado.
-É, acho que sim- Respondi rindo um pouco.
-Então estava rezando por algo bom tenho certeza, o sorriso estava estampado no seu rosto- Ela disse sorrindo pra mim.
-Era sim, algo ótimo- Respondi me levantando e minha atenção foi cortada por uma garota da minha faculdade entrando na igreja.
Ela por algum motivo sempre prendia minha atenção toda vez que nos cruzamos pelo campus mas nunca trocamos uma sequer palavra, o olhar dela parece esconder algo, mas ela é totalmente o oposto de mim, uma patricinha mimada e filhinha de papai, mas por alguma porra de motivo ela prende minha atenção.
Percebi que ela estava nervosa e chorando, ela andava até o confessionário e eu sabia que naquele horário o padre não estava lá.
Sai da igreja e dei a volta pra entrar por trás, quero saber oq essa garota tem pra confessar.
Entrei no confessionário e ela já estava lá sentada do outro lado da parede de madeira.
-Me perdoa padre, eu pequei.- Ela disse tentando controlar a respiração.
-Oque você fez?- Perguntei.
-Eu.. eu- Ela tentava falar mas o nervosismo não permitia.
-Pode falar, Deus não irá te julgar- Falei tentando acalma-lá.
-Eu.. estava em casa quase dormindo quando um amigo da faculdade me ligou, ele estava bebado e pedindo minha ajuda, disse que estava sozinho e não sabia onde estava- Ela disse começando a chorar.
-Eu peguei meu carro e fui até ele ajudar.. eu levei ele pra casa dele, os pais não estavam em casa, então eu botei ele no banho, ele começou a falar coisas estranhas mas eu ignorei achei que era só o álcool, eu levei ele pra cama...- Ela disse ainda chorando tentando respirar melhor.
-Ele me jogou na cama e me prendeu..- Ela disse com dificuldade e eu entendi o resto.
-Ele te forçou a alguma coisa?- Perguntei tentando controlar meu ódio, mais um verme que passaria a vida feliz esperando o "juízo final".
-Sim...- Ela respondeu chorando.
-Não vejo pecado algum vindo de vc, único pecador é ele, o único monstro é ele.- Falei tentando controlar meus pensamentos.
-Mas padre eu saí da minha casa 1 da manhã sozinha, eu levei ele pra casa dele, eu estava de vestido curto- Ela disse controlando o choro.
-Para de tentar achar formas estupidas pra se culpar porra!- Falei nervoso esquecendo totalmente que eu estava no confessionário.
-Quer dizer, poxa, desculpa é que isso é um absurdo algo tão nojento que me deixou um pouco nervoso- Falei tentando voltar ao personagem.
-Tudo bem- Ela respondeu baixo.
-Mas padre.. eu tenho tido pensamentos estranhos.. pensamentos vingativos- Ela disse baixo.
-Que tipo de pensamentos?- Perguntei curioso.
