Capítulo 3

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Noah acordou com o braço dormente no dia seguinte as amigas passaram a manhã paparicando o rapaz. Durante a tarde fizeram diversas coisas, Viviane usou tinta guache no cabelo do rapaz e Beverly pintou o nariz dele com tinta roxa.

-Eu pintaria facilmente de vermelho, para combinar com o cabelo, sabe?

-Engraçadinha.

-Shiu, telas não falam- murmurou Viviane.

A garota estava com um plástico no cabelo, Beverly a ajudou a pintar a raiz novamente.

-O que os soldados diriam se vissem seu capitão nessa situação?

-Iriam rir por semanas e zoar você sempre que possível no alojamento.

-Você é um amor.

-Terminei.

Viviane havia pintado Noah do abdômen, bem definido, ao pescoço. Havia uma mistura de cores e um desenho que o jovem não entendeu.

-O que pintou?

-Nosso lugar favorito.

O mar das flores. Fica na costa leste da baía e sempre que possível os jovens iam ao lugar onde conheceram Beverly.

-Isso soa nostálgico- disse o pai de Beverly apoiado ao balcão.

-Senhor Lenny, quer se juntar a nós?

-Prefiro me juntar a vocês no almoço, venham fiz lasanha para vocês.

O senhor tirou o prato de massa no forno e colocou sob a mesa, deixando o pano apoiado ao ombro. Os quatro sentaram à mesa e se serviram, comendo animados e relembrando de como se conheceram. Noah e Viviane se conheceram na escola quando o menino estava se afogando, ela tinha 15 anos na época, Noah é órfão e morou com um tio após a morte dos pais quando tinha 13 anos.

-Já está ficando tarde- disse Viviane.

-Está na hora de tirar a tinta- Beverly levou uma garfada de lasanha à boca.

-E quanto a essa tinta? - Noah apontou para o corpo.

-Você tira depois que a Vivi sair do banho, e deixe de ser um velho resmungão.

Noah revirou os olhos, Viviane terminou de comer e foi para o banheiro levando uma muda de roupas que Beverly lhe entregou. A jovem se despiu e se encarou no espelho, se enojando com o estado do seu corpo.

"Pelo menos eu tenho um rosto bonito", pensou a jovem.

Viviane não tomava um banho tão bom a semanas, usou alguns produtos que tinha no banheiro e aproveitou bastante o tempo para esfregar as costas, nunca deixava ninguém tocar suas costas, sempre tinha lembranças de como adquiriu cada uma das cicatrizes, Viviane não percebeu que já esfregava com tanta força que uma marca vermelha se arrastou pela costa, respirou profundamente três vezes para controlar os ânimos, e não se demorou mais que o necessário no banho.

Quando saiu agradeceu a amiga pelas roupas e disse que precisava ir, na desculpa que tinha deveres para fazer, outra meia verdade. Quando chegou a sua casa já era noite e tomou outro banho para tirar o suor impregnado na pele. Fez as poucas atividades da faculdade e se deitou para dormir. Mas a madrugada não fora generosa com a garota, o clima estava quente, quase insuportável, contudo não fora apenas isso que a deixou sem sono.

As lembranças do que viveu aterrorizaram seu sono e quando a manhã chegou ela havia dormindo apenas por duas horas. Ícaro viu que a garota parecia um zumbi quando saiu do trailer e não a deixou que fosse até lhe preparar um café.

-Não precisava.

Ele lhe serviu um pão e café com leite, e deixou uma garrafa térmica pequena ao lado da bolsa da garota.

Em Memória ao Beco Waston Onde histórias criam vida. Descubra agora