WILSON DAVIS.

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Houston, Texas. 01h13.

Brunna

- Tem alguém... aí? - Ouço sua voz surgir e abro os olhos, saltando da cadeira.

Jogo a manta sobre o móvel, me aproximando da maca. Acendo a luz do abajur e tiro o tapa olhos de seu rosto. Ela pisca algumas vezes, ajustando-se a claridade e então me encara.

- Brunna? - Diz com certa dificuldade, a voz falhando.

Tenta se sentar, mas a dor a impede e eu apenas nego com a cabeça.

- Não faça movimentos bruscos, ainda está muito frágil.

- Sede. - Ela diz, tossindo em seguida e fazendo cara de dor.

Pego o copo sobre a mesa de apoio, ajeitando o canudo e levo até sua boca. Ela da algumas goladas, pigarreando em seguida. Volto com o copo no lugar e Ludmilla segura minha mão, entrelaçando nossos dedos.

- Onde estou? - Pergunta, dessa vez com a voz mais firme.

- No hospital. - Respondo com calma, tomando cuidado para que não se assuste. - Você passou por uma cirurgia grande.

- Que tipo de cirurgia?

-  Você levou um tiro. - Respiro fundo, me lembrando dos momentos horríveis que passamos. - A bala acertou seu intestino, mas milagrosamente não prejudicou nenhum outro órgão. Precisaram tirar uma parte dele porque o dano foi grande, mas acabou dando tudo certo. O médico disse que poderá viver uma vida normal, sem sequelas.

- Você... O assassino... - Olha ao redor, tentando entender e eu me sento na maca.

- Ele foi preso! - Me encara, surpresa transbordando em seus olhos.

- Como?

- Quando me entregou sua arma, ele estava muito perto, mirando em nós duas, sem saber em quem acertar primeiro. - Engulo em seco, atordoada. - Eu quis matá-lo, mas isso seria fácil demais. Então atirei em seu braço. Ele tentou disparar, mas não conseguiu. A bala acertou meu ombro de raspão e ele caiu no chão. Daiane surgiu logo em seguida e o algemou. Os outros agentes me ajudaram a levar você de volta pra fazenda e quando chegamos lá, haviam dois helicópteros nos esperando. Um deles nos levou para o hospital mais próximo e você precisou de uma cirurgia de emergência. Foram doze horas ao todo. Depois disso você ficou duas semanas em coma induzido.

Ludmilla pisca, absorvendo todas as informações. Ela passa a mão sobre a barriga, e volta a me encarar.

- Em coma?

- O Dr. Thomaz disse que seria melhor pra você. Um ferimento a bala é perigoso e seu corpo se recuperaria melhor assim.

- Certo. - Pega o controle da cama, levantando a parte de trás, afim de se sentar. - Você ficou aqui esse tempo todo?

- Sim. - Respondo um tanto envergonhada. - Eu e Daiane ficamos intercalando. Não consegui ficar longe de você.

Seus olhos brilham intensamente, se iluminando ao ouvir minhas palavras. Aperta ainda mais minha mão, me puxando para perto.

- E o assassino?

- Ele também precisou de cirurgia. Chegou ao hospital entre a vida e a morte. Ele foi levado para a prisão há dois dias. 

- Já foi condenado?

- Ainda não. O juiz disse que esperaria até que você estivesse em boa condição para dar depoimento. 

- Okay... - Respira fundo, ainda confusa. Fico ao seu lado, calada, apenas lhe fazendo um leve carinho no dorso da mão. - Nem acredito que tudo isso acabou. 

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