O Conto das Parcas: As Três Maldições - Vol II

Mike em: "Xeque-mate, Trouxa!"

Mike era inteligente e sagaz o suficiente para saber que estava sendo influenciado pela espada de Marte. Ele poderia ser muitas coisas, mas não imprudente… Inconsequente talvez, mas imprudente nunca. A questão é que a espada lhe dava um poder bruto indispensável para a parte final da missão. Como filho de Mercúrio sua mente era programada para pensar em forças eficientes e furtivas de fazer seus planos, fosse por fogo na biblioteca do Chalé de Atena ou coletar informações de um bando de sátiros bêbados em um ritual para Dionísio. Resumidamente: ele sempre pensa demais. Sempre. Até mesmo para beijar Clara ele pensava no ângulo do abraço, na velocidade da respiração, na intensidade da pegada… 

-FUTUE TE IPSUM! 

Ele foi trazido de seu devaneio quando Flávia soltou uma palavrão em latim que ele nem imaginava existir naquela língua. Ela era a única que estava em pé fazendo frente ao juiz do inferno. Todos os outros, exceto Mike, estavam escondidos atrás das colunas mais externas do salão. Alguns prestavam primeiros-socorros, outros estavam paralisados de exaustão tentando juntar forças para a batalha  e tinham vários desmaiados… o garoto preferia pensar que eles assim estivessem. Cogitar qualquer outra coisa colapsaria seu sistema nervoso já em frangalhos. 

No seu campo periférico conseguia ver o emaranhado de panos que abrigava Ariel, e ao seu lado, William, Sarah, César, Thiago, a menina chamada Dani e  Vanessa caídos. Maia e Betina corriam de um lado para o outro fazendo o melhor que podiam enquanto Alex, com uma das pernas sangrando, parecia montar guarda caso algo se aproximasse. Ele não sabia exatamente o que havia acontecido, mas assim como tinha sido enfeitiçado para lutar contra o conselheiro de Dionísio, o mesmo deveria ter sido forçado aos outros. Alguma parte de sua mente estava orando desesperadamente para que o amigo estivesse bem, mesmo que espiritualidade não fosse seu forte. 

Após a prisão de espelhos ter sido quebrada pela fúria de Flávia e ela ter acertado vários golpes num Radamanthys surpreso, ele a estapeou com tanta força que uma onda de energia se expandiu pelo lugar e todos foram arremessados. Mike, de alguma forma, conseguiu se agarrar ao trono e conseguiu permanecer na parte central do salão. 

A filha de Plutão ia cair, era fato, mas ela parecia ignorar completamente qualquer adversidade que se abatia em seu corpo. Radamanthys tinha poucas brechas em sua armadura de batalha pesada e negra como o Estige. Flávia havia enfincado, quase que instintivamente, suas adagas numa brecha entre o peitoral e o tórax, e dali escorria icor dourado que aumentavam o fluxo hemorragico conforme o deus girava a espada divina de Marte  na tentativa de decepar algum membro da semideusa.

-Ela não vai durar muito tempo - A voz de Cinta brotou do além e fez o coração de Mike quase sair pela boca. 

-Que inferno! De onde você…  - Ele foi interrompido por uma pergunta da Amazona. 

-Não entendo muito de romano, mas ela mandou mesmo um deus se F… 

-Cala a boca! Já que você está aqui, significa que pode lutar - O conselheiro do Chalé 11 jogou seus dados e obteve uma par de “5”. Duas clavas de ouro surgiram eu suas mãos. A pior das armas em seu arsenal. Pesadas demais para seu estilo. Iam ter que servir, já que a espada de Marte havia sido tomada por Radamanthys. 

Cintia usava uma linda adaga esculpida em bronze celestial e tinha o poder de controlar vinhas, ele podia atrair objetos de valor de outras pessoas. Ponto positivo de estar pensando novamente como uma cria de Mercúrio: forjar planos mirabolantes. 

-Colega, me escuta! Mesmo que a gente entre para ajudar, com nosso armamento, seríamos apenas vítimas. No entanto, se unirmos nossos poderes nós podemos tirar algumas peças. Me acompanhe. 

Eles estavam a cerca de 10 metros da luta. Pouco mais 5 minutos haviam se passado, Flávia parecia ter saído diretamente de um episódio de Game of Thrones... Roupa esfarrapada e sanguinolenta, pálida, vários machucados, cabelo escorrido de suor, um olhar monstruoso de ódio estampado na cara e uma arma pontiaguda em punho que atacava violentamente.