Destino

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O canto de Leonard soou como uma canção de ninar, enquanto ressoava levemente pelas portas e entrava na sinuosa escada de madeira.

A mente de Klein ficou imediatamente entorpecida. Ele sentiu como se visse um luar silencioso e um sereno lago ondulante.

Suas pálpebras rapidamente ficaram pesadas, como se ele estivesse prestes a adormecer de pé.

Em meio a essas sensações indistintas, ele também sentiu um olhar estranho, sem forma e indiferente nas costas. Parecia que ele estava vagando pelo mundo espiritual.

Uma sensação desconcertante de déjà vu inundou Klein enquanto ele de repente encontrou sua linha de pensamento mais uma vez. Com sua forte percepção espiritual e extrema familiaridade com Cogitação, ele mal escapou da influência do Poema da Meia Noite.

No entanto, ele permaneceu sereno e mal conseguia evocar qualquer emoção.

Logo, Leonard parou de cantar e virou a cabeça com um sorriso.

— Estou pensando em pedir permissão ao capitão para pedir um alaúde de Feynapotter. Como não pode haver um acompanhamento ao cantar?

— Heh heh, eu estou brincando. Eu já posso ouvi-los dormindo.

O Falcão Noturno de olhos verdes e cabelos negros, com sua vibração poética, deu um passo à frente e caminhou até a porta que os separava dos sequestradores e do refém.

De repente, ele moveu o ombro e deu um soco na fechadura da porta.

Crack!

A tábua de madeira ao redor da fechadura estilhaçou-se de maneira abafada.

— Isso requer controle preciso. — Leonard virou a cabeça e sorriu. Ele então enfiou a mão pelo buraco e abriu a porta.

Klein, que havia recuperado a consciência, não estava tão confiante quanto Leonard. Ele enfiou a mão debaixo da axila, sacou o revólver e girou o cilindro, certificando-se de que poderia atirar a qualquer momento.

Quando a porta se abriu, ele viu um homem dormindo em uma mesa, com uma arma a seus pés. Outro homem estava esfregando seus olhos, atordoado, enquanto tentava se levantar.

Bam!

Leonard deslizou para a frente e atingiu o quase desperto sequestrador inconsciente.

Klein também planejou entrar quando de repente sentiu algo. Ele se virou abruptamente e encarou a escada.

Tap. Tap. Tap. Passos se aproximavam de baixo. Ficou claro que esse "algo" era um homem sem chapéu, com um casaco marrom circulando a escada em direção ao terceiro andar, enquanto abraçava um saco de papel.

De repente, ele parou. Ele viu o cano de uma arma apontando para ele com um brilho metálico.

Suas pupilas refletiam um jovem usando uma meia cartola e um terno formal preto com uma gravata borboleta da mesma cor. Também refletia a bengala que repousava ao longo do corrimão e o perigoso revólver.

— Não se mexa. Levante as mãos. Três, dois, um... — o tom de Klein era profundo, mas relaxado.

Ele segurou o revólver com as duas mãos enquanto tentava imaginar o homem como alvo de sua prática.

No meio da atmosfera tensa, o homem de casaco marrom soltou o saco de pão e, lentamente, levantou as mãos.

— Senhor, isso é uma espécie de piada? Houve algum mal-entendido? — ele olhou fixamente para o dedo que Klein colocou no gatilho enquanto forçava um sorriso.

Senhor dos Mistérios - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora