Rhaenyra
Vazio.
Silêncio.
Onde estou?
Quem eu sou?
Eu me lembro de estar agitada... Me lembro de sentir calor, e então um barulho alto... Depois disso, tudo é uma confusão de imagens. Metais retorcidos me rodiavam, minha boca tinha um gosto forte de ferrugem e um líquido quente e viscoso jorrava de meu pescoço.
Tinha mais alguém lá...
Seus olhos... Eram vermelhos e lascívos.
Seria aquela figura... O próprio Diabo?
Se sim, então eu estou morta?
Esse é o inferno?
Sinto que estou deitada. Tenho vontade de levantar, mas meus membros parecem pesar uma tonelada. Penso em abrir os olhos, mas é como se eles tivessem sido costurados. Minha primeira reação natural é ficar afobada, e então procurar por oxigênio.
Ar.
Eu estou de olhos fechados, meu corpo está imóvel, mas eu sei que estou consciente. Eu sei que estou viva! E existe algo mais primordial a vida do que a necessidade de água e oxigênio?
Estranhamente, não sinto minha garganta seca pela falta da bebida, ou mesmo meu pulmão subindo e descendo sob meu peito. A sensação é como se tivesse minhas vias respiratórias obstruídas, não podia sentir o fluxo de ar saindo e entrando pelo meu nariz ou boca, mais ainda assim, não sentia falta do ar.
Talvez eu realmente estivesse morta...
Isso também explicaria porquê já não sinto meu corpo dolorido pelo impacto, não sinto aquele ardor quase insuportável na minha garganta ou mesmo aquela dor depois de tudo... Algo que nunca pensei que poderia sentir na vida! Eu olhei naqueles olhos sangrentos, e eles me olharam de volta no fundo da alma. Depois tudo ficou quieto, minha visão estava sendo tomada por uma grande claridade e então veio a calmaria. Aquela sensação deveria preceder a paz, mas o que veio a seguir foi uma batalha interna em mim. A queimação começou em minhas veias, e então foi se expandindo. Meus ossos estavam rachando, minha carne e meus músculos sendo rasgados e até mesmo minhas células pareciam pegar fogo. Eu queria gritar em agonia, mas era apenas uma passageira ali, vivenciando aquela experiência de dor irracional sem poder fazer nada para alivia-la.
Sempre imaginei que depois que o corpo desse o seu último suspiro de vida, a alma finalmente fosse encontrar paz e tranquilidade. Mas se estou realmente morta, porquê ainda pareço estar presa em um corpo físico?
Com o tato, sinto um fino tecido macio por baixo do meu corpo.
Com o olfato, sinto cheiro de ervas e incenso.
Com a audição, escuto vozes irreconhecíveis em uma conversa sem sentido.
Não... Eu não estava morta...
Me concentro em abrir os olhos, levantando vagarosamente as pálpebras pesadas. A claridade é a primeira coisa a atingir minha visão - assim como tinha sido a última - e após o torpor, consigo identificar o ambiente a minha volta.
O teto era de madeira envelhecida, a parede a minha direita era toda de vidro - dando uma visão da floresta do lado de fora - e sobre a mesinha ao lado da cama em que eu repousava, residia uma tigela com algumas ervas, três incensos acesos e uma muda de roupas dobradas.
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Pure Blood
Fanfiction"Balas não poderão te parar, fogo não poderá te parar. Com sua força, poderá subjulgar um exército de 10000 homens. Com sua estamina, poderá lutar dia e noite por décadas sem descanso. Com sua audição, ouvirá os passos de seus inimigos a quilômetros...