Guilhermina, uma típica jovem de classe alta, no auge da sua beleza, acorda numa noite chuvosa, sem as suas lembranças, sem sequer saber algo sobre si mesma, e com um lindo homem loiro que se diz seu marido. Sendo guiada pela intuição, ela decide co...
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Capítulo 16 - Parte 1
Guilhermina Pompeo
~De volta ao carro, atualmente~
Eu fico em silêncio dentro do carro ao seu lado, apenas digerindo todas as informações que foram despejadas contra mim. É verdade que eu me lembrei de bastante coisa na noite em que não tomei os remédios, mas ainda sinto um vazio na minha mente e fico surpresa quando Jason me conta fatos que não lembro ou que não estava presente e não sabia o que ele pensava. Por exemplo, a parte sombria em que ele ficou no orfanato, eu realmente não fazia ideia de que um dia ele foi daquela forma, também me custa acreditar que enquanto estava vivendo uma vida normal, ele estava me stalkeando, estudando todos os meus passos, minhas reações... e quando estávamos juntos, cada ato que rolava entre a gente, era completamente pensado por ele.
Confesso que isso me deixa em choque...
Olho para o sol se pondo bem na nossa frente. Estamos aqui com o carro estacionado, ouvindo a sua história desde que eu saí do apartamento daquela mulher. Ele me contou resumidamente a sua versão de cada etapa da nossa vida, exceto de quando eu caí doente por conta do câncer. Porém mesmo assim, mesmo sabendo que ele me enganou antes para conseguir a sua vingança, então o que foi que o levou a mentir para mim após eu ter acordado do coma e sem as lembranças? Eu realmente queria saber o que ele tem a dizer sobre isso...
— Você já deve saber que após o câncer, a nossa relação havia melhorado. — Diz ele, me fazendo virar a cabeça para olhar em seus olhos, mas ele continua olhando para a frente, para o sol sumindo enquanto a noite toma o seu lugar. — Nós estávamos bem um com outro, então... quando você acordou do coma e eu descobri que você não lembrava de absolutamente nada, eu pensei que se eu lhe contasse a verdade do que houve entre a gente, eu teria que enfrentar aquilo tudo de novo. Você voltaria a me odiar ou então sentir um profundo ressentimento em relação a mim, então pensei que se você não lembrasse de nada e nós recomeçássemos dali, as coisas seriam mais fáceis.
Eu fico surpresa com a sua capacidade de saber o que estou pensando, mas não tanto quanto eu fico ao pensar que ele realmente achou que esconder as merdas que fez debaixo do tapete seria uma boa ideia.
— Se nós já estávamos de bem um com o outro, mesmo que me contasse do nosso passado sombrio e me ajudasse a lembrar de tudo, então nós voltaríamos onde paramos antes do acidente. Eu realmente não te entendo! — Balanço a minha cabeça para os lados, achando tudo isso complexo demais para mim.
— Eu sei! Eu sei, mas... naquele primeiro instante eu pensei que poderia ser uma boa ideia, até pedi ajuda do médico, e quando eu me dei conta do que estava fazendo, já era tarde demais para voltar atrás. Eu já tinha enchido a sua cabeça com mentiras...
Suspiro, desviando o meu olhar para as minhas próprias mãos em meu colo. Confesso me sentir perdida nesse momento, pois não há muito o que fazer. A verdade é que ele está errado, não importa de que ângulo eu veja. Talvez lá no fundo eu não o julgue por completo. Não o julgo por ter odiado o meu pai e por ter buscado vingança de forma incessante, mesmo não achando isso certo. Mas o que ele fez comigo... isso sim eu julgo! Não tem como eu olhar para ele e tentar entender a sua mente, quando ele tinha a escolha de não fazer o que fez comigo. Como ele disse, ele poderia ter se vingado do meu pai de diversas formas, poderia até mesmo ter feito ele sangrar com as próprias mãos, pois o que havia a ser resolvido entre os dois, até mesmo o diabo seria incapaz de impedir, mas ter me envolvido nesse tiroteio...
