Capítulo 31

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Claire

Essa noite meus sonhos foram bons. Não foi daqueles sonhos em que tem alguém querendo me matar, ou alguém me chamando. Na verdade, uma pessoa me chamou. Minha mãe. Ela estava linda, com um vestido branco enorme, sentada diante de um piano branco. Eu me lembrava daquele piano, e daquela melodia. Tudo estava perfeito.
- Sente-se ursinha Claire. - disse a minha mãe.
Me sentei ao seu lado. Quem me chamava assim era o meu pai. A última vez que eu falei com ele foi logo depois da minha vó falecer, quando eu fui para a casa do Peter.
- Também sinto à falta dele, querida. - disse minha mãe sorrindo. - Mas ele anda um pouco ocupado.
- Com o que? - pergunto.
- Negócios. - responde ela.
- Sempre. - encaro às teclas do piano.
- Não fique chatiada, querida. Ele é um bom homem, um bom pai. - disse ela. - Ele vai te ligar.
- Espero que sim. - forcei um sorriso.
- Filha. - ela parou de tocar e segurou as minhas mãos. - Você tem um caminho difícil pela frente. Irá precisar tomar certas decisões que não terá como voltar à trás. Pessoas vão se ferir, vão se magoar, mas não pode voltar. Eu te amo, querida. Por isso já estou lhe avisando. Quero que pense antes de falar algo. Eu te amo, e feliz aniversário.
Ela me abraçou.

Foi assim que eu acordei. Com a lembrança do abraço da minha mãe. Sinto tanto a falta dela. Não me lembro da última fez que eu à vi, viva. Fecho os olhos e sento na cama. A primeira coisa que eu fiz foi pegar o celular. Meu pai já tinha me ligado. Retornei a ligação.
- Oi pai!
- Oi ursinha Claire. - disse ele. - Feliz aniversário!
- Obrigado. - sorri.
- Ah ursinha, queria ir aí te ver, mas seu pai já está velho, e o meu trabalho me chama. - disse ele.
- Tudo bem pai.
- Querida não sei o que posso te dar de presente, por isso coloquei um dinheiro na sua conta.
- Obrigado. Você sabe que não precisa. - digo.
- Claro que preciso! Dezoito anos, ursinha. - ele sorriu. - Bom, tenho que ir. Meu chefe já está me gritando.
- Tudo bem. Vai lá. E, obrigado. - sorri.
- Te amo. - disse ele desligando o telefone.
- Também te amo, pai.
Desliguei o telefone e fui tomar um banho.
A lembrança da minha mãe era o que me confortava, nada mais. Fiquei pensando se um dia ficamos todos nós juntos. Eu, mamãe, Josh e o meu pai.
Eu admito, estava nervosa. Pelo simples fato de ser o meu aniversário e pelo baile. É impossível ninguém ficar com um friozinho na barriga no seu aniversário, mesmo que seja apenas para receber o parabéns de amigos e parentes, ou pelos presentes. Bom, eu não ligo para presentes. Hoje, fiz uma trança no meu cabelo, a espinha de peixe. Minha mãe sempre fazia nela, eu amava. Eu sempre achava que a minha mãe era alguma atriz de televisão, porque sua beleza era exuberante. Meu cabelo estava grande, agora que eu reparara o seu tamanho. Coloquei a minha blusa branca escrito Bazinga! , e uma calça jeans. Desci as escadas e fui surpreendida pelo cheiro vindo da cozinha.
- Bom dia. - digo entrando na cozinha.
- Feliz Aniversário! - disse a Mia me abraçando.
- Obrigado! - sorri.
- Parabéns Claire! - disse a Amanda me abraçando.
- Obrigado, Amanda. - digo.
Esperava encontrar o Peter, mas não tinha nenhum sinal dele.
- Ah, ele deu uma saída rapidinho. Daqui a pouco ele está aí. - disse a Amanda.
Pensei em caminhar um pouco pela floresta, ele poderia estar por lá.
Sai de casa e corri.
A floresta parecia estar acordando agora. Os pássaros cantando, o brilho do sol entre às árvores, aquele cheiro maravilhoso de terra molhada, e a mata verde. Caminhei até um pequeno riacho. A água estava gelada, e as pedras brilhando sob à água corrente. Algo parecia certo e errado ao mesmo tempo.
- Hoje é o seu aniversário. - disse uma voz atrás de mim. - Parabéns.
Fiquei paralisada e me virei devagar.
E ali estava, um garoto. Um pouco mais baixo do que eu, sentado em uma pedra.
- O que faz aqui? - pergunto, tentando esconder meu nervosismo.
- Apenas passeando, e você? - me pergunta ele.
Sua voz era suave e calma. Ele não parecia nervoso, como eu, mas ele parecia cansado.
- Esfriando a cabeça. - digo.
- Interessante. - disse ele. - E o que seria resfriar a cabeça?
Ele me pergunta sério. Talvez ele esteja querendo brincar comigo, ou esteja mesmo curioso. Decidi optar pela a segunda opção.
- Sei lá. Sair um pouco de casa, pensar. - digo.
- Hum... Você não pensa no seu quarto? - pergunta ele.
- Sim, mas aqui eu consigo pensar claramente. Me deixa mais calma. - digo.
- Tudo bem. Também estou esfriando a cabeça, então. - disse ele sorrindo.
- Vem sempre aqui? - pergunto.
- Às vezes. Aqui me acalma. - ele abriu um sorriso.
Sorri.
- Tenho que ir. Meu pai vai chegar daqui a pouco. - disse o menino.
- Tudo bem, até a próxima. - digo sorrindo. - Posso saber o seu nome?
Pergunto antes dele ir embora.
- Jamie e o seu? - disse ele se virando.
- Claire. - digo
- Prazer, Claire. - disse ele.
Jamie correu entre as árvores e sumiu.

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