Capítulo 6

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POV: Petruchio

  — Foi ocê quem pagou a dívida da minha fazenda?

  — Dívida? — me encarou e não sei se estava se fazendo de desentendida.

  — Sim, um tempo atrás recebi uma carta dizendo que minha fazenda poderia ser leiloada — respirei fundo para me concentrar e não deixar que a emoção ocupasse o tom de minha voz — E eu até tentei negociar, mas era tão alta e agora que o leilão tava próximo, descubro que a dívida foi paga.

  — E você acha que eu faria isso?

  — Não faria?

  — Eu não sei, o que te fez pensar que eu pagaria uma dívida que nem é minha? Bom, acredito que para vender queijos na feira, sua vida não esteja muito boa, mas não pensei que... — suspirou sem terminar, mas eu podia muito bem imaginar o que estaria disposta a falar — Mas respondendo a sua pergunta, não, eu não paguei a dívida da sua fazenda, mas posso te ajudar a descobrir quem pagou.

  — Ocê faria isso? — pergunto novamente entusiasmado — E tem como descobrir isso?

  — Não parece simples, já que você não conseguiu, mas posso acionar alguns contatos, posso quem sabe, recomprar a fazenda pra você — se aproximou, mas consegui me afastar. Ela não pode me tocar, ela não precisa me tocar e eu não quero que ela me toque, mesmo que esteja disposta a me ajudar.

  — Sendo assim, eu lhe agradeço muito!

  — Não quero agradecimentos, Petruchio — sorriu e não me senti nenhum pouco seguro.

  Não que estivesse com medo dela me atacar, não que estivesse correndo do seu olhar, é que eu não quero passar a impressão de que podemos nos aproximar, mesmo que anteriormente eu tenha pensado em lhe usar. Não acho certo a partir do momento em que ela tem vontade de me ajudar, mas também não sei com o quê pagar. Não consigo pensar com o seu perfume doce rondando e me fazendo espirrar.

  — Mesmo assim, fico muito grato.

  — Disse que não quero esse tipo de agradecimento.

  — Marcela, pensei que já tivéssemos conversado sobre isso.

  — Depois de ontem, fiz algumas amizades, sabia? Eu sei quem é a moça que assistiu você me beijando.

  — Mas eu num beijei ocê, ocê que me beijou!

  — Faz diferença? — sorriu de lado — Eu sei que tiveram um romance e que o pai dela não aprovou, história parecida com a nossa, não?

  — Na nossa não tinha amor — disse sem querer me indispor.

  — Eu amo você, Petruchio, não percebe isso? Não entende que posso mover céus e terras ao seu favor? Renovar tudo e trazer muito mais cor, dinheiro e calor? — novamente se aproximou e dei um passo para trás, vendo seu braço cair sem conseguir me encontrar — Não sei porque insiste em negar, você era feliz ao meu lado, não era?

  — Marcela, naquela época eu não pensava como eu penso hoje, todo dia era uma aventura e conhecer ocê... foi parte da minha história, mas as coisas mudaram.

  — Você está apaixonado — afirmou — Sabe que eu posso...

  — Não, ocê num pode!!

  Ninguém pode!

  — Sabe o que eu não entendo? — perguntou — Se a moça que você diz ter amor, bom, se ela ao menos te amasse da forma com que você demonstra por ela, por que ela não te ajudou?

Além da Verdade e da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora