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Voltamos de Búzios domingo à noite. Parecia que todas as pessoas que foram para a região dos lagos no final de semana resolveram voltar ao mesmo tempo para o Rio de Janeiro .
O humor de Júlio estava excelente e quando perguntei pela ressaca que mencionara cedo, ele disse que o analgésico que pegou na minha bolsa resolveu o seu problema muito bem. Eu assenti o analisando, tentando perceber algum vacilo que colocasse em cheque sua justificativa.
Vick e eu não encontramos Hanna quando voltamos a pousada. Hans havia voltado antes para o Rio, avisando apenas a Márcia. Mandei mensagem perguntando o que havia acontecido e ela simplesmente disse que a mãe havia piorado o estado de saúde e depois não respondeu mais. Então não insisti.
Estávamos na metade do caminho de volta, eu me sentia mal. Meu estômago se revirava dentro do abdome e eu desejava desembarcar daquele carro o mais rápido possível.
Nos poucos momentos em que o mal estar cessava, eu fitava Júlio de maneira discreta, e quando percebia meu olhar, ele sorria plenamente como se nada estivesse acontecendo. Devolvia o sorrio, procurando fingir que estava tudo, em perfeita ordem, quando provavelmente meu marido me traía.
Suspirei de alívio assim que estacionamos não garagem de casa.
— Querido, você poderia dar banho na Sofia e ver se tem tarefa da escola? Hoje não estou me sentindo muito bem. As horas de viagem no carro me deixaram com náuseas.
Ele me deu um beijo enquanto batia a porta do carro e me encarou pensativo.
— Será que vem um menino por aí? An? — Nisso pegou Sofia no banco de trás do carro.
— Acho que não, Júlio. Náusea é um sinal de presunção muito ruim para prever gestação! Mas podemos fazer um teste de gravidez, pedir um beta HCG.
Sofia dormia no colo do pai que a carregava para dentro de casa. Eu ia atrás com as malas.
— Ai, Aura. As vezes você leva tudo para o lado científico da coisa — Desdenhou com um mau-humor repentino — Nunca fui bem em obstetrícia, querida — Ele parou no caminho para dizer — Às vezes você parece sempre querer se provar mais inteligente que eu.
Apesar de falar com um leve sorriso nos lábios, o semblante de Júlio denunciava a crítica que ele fazia.
— Eu também não sou boa, Júlio. Apenas estava relendo umas coisas essa semana porque tenho recebido muitos recém nascidos no consultório. Não foi minha intenção atingir você!
Após entrarmos em casa, fez-se um silêncio, resultado desse breve desentendimento.
Sofia estava com aquele mau-humor pós sono e Júlio mantinha toda calma do mundo a levando em direção ao banheiro. Eu aproveitei esse momento para me deitar um pouco.
O celular de Júlio estava na cômoda ao lado da cama e vibrou algumas vezes, fazendo um som abafado sobre a madeira.
Enquanto ajeitava um travesseiro atrás da cabeça e procurava uma posição confortável para amenizar o enjôo que momento e outro retornava— e criando coragem para tomar um remédio — O celular vibrou outra vez.
Eu estendi o pescoço e parecia enxergar o nome de Hanna escrito na tela. Ela novamente.
Júlio e Sofia se divertiam brincando na banheira, envoltos por risadas. Pareciam demorar um pouco mais no banho. Então me deixei tomar pela curiosidade e me arrastei até a beirada da cama, aproximando-me da cômoda.
Tomei o celular na mão e deslizei a tela de notificação.
Estava escrito um endereço: Rua vinte e dois de Março, número 225 , - Tijuca.
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APENAS UM TRAIDOR - ALERTA!
Mystery / ThrillerAura, Vick e Hanna são amigas de longa data. Trabalham como médicas em um hospital. As três parecem inseparáveis. Mas tudo pode mudar quando o marido de Aura passa a trai-la com alguém mais próximo do que a médica gostaria. Além de lidar com a c...