Darkside

Capítulo 31

Passo o dia no gabinete porque temos uma missão importante para breve e nessas alturas tenho sempre mais trabalho.

Eu praticamente não durmo e nem saio do meu gabinete. Muitos acham que a vida que eu escolhi é um caminho fácil, mas estão redondamente enganados. Eu trabalho mais do que se tivesse qualquer outro trabalho normal das 9h às 17h.

O meu trabalho não acaba nunca.

Eu não tenho horas de me deitar nem férias. Não existe Natal nem Ano Novo. Tenho de estar sempre alerta e sempre a desconfiar de todos à minha volta, mas eu não mudava a minha vida por nada deste mundo.

Eu adoro o que faço e se for psicopata por isso que seja. Eu trabalhei muito para chegar onde estou. Quando o meu pai desapareceu eu era apenas uma criança e fui torturado por 3 dias sem saber absolutamente de nada o que me perguntavam.

Eu sabia que o meu pai não tinha um trabalho normal e sabia que algo não estava certo, mas com 7 anos não tens maturidade para entender sequer o que é o bem do mal quanto mais saberes que o teu pai é o chefe da máfia inglesa.

Mas depois daqueles dias em que fui torturado por respostas que não tinha eu nunca mais fui essa criança ingénua e que não entendia nada do mundo.

Quando eu saí do buraco onde eles me tinham torturado eu não falei por meses. O melhor amigo do meu pai e pai do Zayn foi quem ficou comigo e tratou de tudo sobre a falsa morte do meu pai e eu comecei a escutar as conversas atrás das portas em vez de ir brincar com os outros miúdos. Comecei a ler livros de informática e hacker em vez dos livros da escola e estudei defesa pessoal e boxe com o Zade, pai do meu amigo juntamente com ele.

Eu estudei russo, chinês, francês, italiano e espanhol para que ninguém me pudesse enganar e aprendi a disparar com latas velhas e armas que roubei do meu pai. Eduquei-me a mim próprio para ser uma máquina de guerra. Um autêntico monstro sem emoções e aos 14 anos quando o pai do Zayn ficou doente e acabou por morrer eu assumi a liderança da gangue e da máfia inglesa.

Nessa altura as coisas estavam muito difíceis para o nosso lado. Com a morte do meu pai os inimigos usaram isso para nos atacarem e a guerra que veio com a morte do líder deles e do meu pai provocou um massacre em massa em ambas os gangues. Foram anos muito difíceis e o pai do Zayn fez o melhor que pode, mas não foi suficiente.

As pessoas tendem a achar que nós, os criminosos, somos uns fora da lei e que fazemos o que nos apetece, mas estão redondamente enganadas. Para seres criminoso tens leis e hierarquias que precisas de seguir. Nós fazemos as nossas próprias leis, mas seguimo-las como se fossem a nossa doutrina só que para tudo isso funcionar na perfeição é preciso um bom líder e quando essa figura falta tudo tende a desmoronar-se. Toda a gangue ficou muito fraca com o desaparecimento do meu pai, mas o Zade Malik conseguiu segurar as pontas até que ele adoeceu e todos ficaram à deriva sem saber qual seria o nosso destino. Foi aí que eu assumi a liderança e ganhei o respeito dos meus homens com apenas 14 anos.

Eles não queriam confiar em mim porque eu era apenas uma criança, mas quando me viram em ação não tiveram outra escolha. Era eu ou a extinção do nosso gangue.

O Zayn entrou logo comigo embora ele não tivesse muita experiência pois o pai sempre desejou que ele não se envolvesse nos negócios dele. Ele queria que ele fosse para a universidade, se formasse e saísse daqui, mas não era isso que o Zayn queria, em parte, por causa de mim. Eu sei que ele não me queria deixar sozinho com um gangue às costas. Ele tinha medo de que eu fosse morto e por isso ficou, ainda agora ele faz de tudo para me proteger daí odiar tanto o Louis. Para ele e para todos os que estão comigo desde o início o Louis é uma ameaça e talvez ele seja mesmo.