O Casamento de Mamãe com o Conde Orlok

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Quando mamãe resolveu se casar de novo, eu não disse nada. Por dentro, meu sangue estava gelado. Não era a primeira vez que mamãe namorava alguém "não convencional". Porém, dessa vez, como eu acabei descobrindo, ela havia ido um pouco longe demais.

Conversar, no entanto, não adiantaria. Mamãe era cabeça dura, e qualquer coisa que eu falasse teria o efeito inverso do esperado, deixando-a ainda mais segura de que estava fazendo a escolha certa.

Assim, optei pelo caminho contrário, e uma noite saí com o objetivo de fazer uma pequena visita àquele Conde Orlok, o amado noivo de minha mãe.

Cheguei ao hotel onde ele se hospedara ao chegar ao Brasil. Sua intenção aqui era conhecer esse lindo país, mas acabou conhecendo mesmo foi minha mãe. Neste caso, no sentido bíblico do termo.

Escolhi aquela noite em particular, pois sabia que mamãe não estaria com ele. Ela teria pilates e depois sairia com algumas amigas para jantar fora.

Interessava-me saber primeiro se o Conde estava no hotel. Usando de minhas habilidades sociais, e do meu charme quase sobrenatural (herança de família) consegui descobrir com a recepcionista que a resposta era sim. Orlok não saíra de seus aposentos durante todo o dia. Também não pedira serviço de quarto. Quer dizer: devia estar faminto.

Muitas pessoas teriam estranhado essa atitude de reclusão durante o dia, mas não eu. Via isso, ao contrário, como uma oportunidade, pois sabia que o hóspede teria que se alimentar em algum momento. E esse momento devia ser agora, pois escurecera.

A confirmação das minhas suposições não demorou a surgir. Sentada no hall do hotel, de costas para os elevadores, vi quando o Conde passou, em direção à portaria.

Estava ainda mais pálido do que eu me lembrava, das poucas vezes em que estive com ele, em noites de bons drinques no apartamento de mamãe (Nota: Orlok apenas segurava a taça, nunca ingeria seu conteúdo).

Vestindo um terno azul-marinho antiquado e um chapéu que eu vira apenas nas cabeças de pessoas já há muito mortas, dos primeiros anos do século passado, ele cumprimentou o porteiro com uma mesura demorada e exagerada, e saiu.

Quanto a mim, aguardei alguns instantes para que a distância entre nós fosse considerável, mas não a ponto de perdê-lo de vista, e o segui.

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A noite estava estranhamente escura, sem lua e sem estrelas, o que era bom para meus propósitos

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A noite estava estranhamente escura, sem lua e sem estrelas, o que era bom para meus propósitos. Perguntava-me se o eram também para os do Conde.

A despeito da escuridão, logo que saí, consegui divisar o vulto daquele que era minha presa, aquela noite.

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