GIZELLY
Confesso que receber a notícia de que perdemos nossa filha foi algo muito duro. Por dias me recolhi e estive um pouco reclusa devido a esse acontecimento. Eu estava realmente empolgada com a gravidez de Rafaella, porém o inevitável aconteceu. Por mais que eu estive triste e totalmente sem chão com a notícia, não procurei culpado para isso. Eu simplesmente entendi que há tempo para todas as coisas. No entanto, ver minha noiva chorando copiosamente em meus braços na maca daquele hospital, foi tão doloroso quanto.
Os meses se passaram e resolvemos continuar tentando. Hoje Rafaella estar de cinco meses do nosso menino. Os três primeiros meses ela tirou férias e se cuidou. Até mais que a gravidez anterior. Tivemos menos brigas e discussões quanto à isso. Nosso casamento, porém, conversamos e optamos por adiar a data para mais alguns meses. Era o essencial a se fazer, já que não queríamos que essa nova gravidez fosse de risco outra vez. Quanto menos estresse e correria, melhor para o bebê e a mãe dele.
Passei todas as noites nesse primeiro período na casa de Rafaella. Mesmo trabalhando meio turno, ou em plantões, procurei estar o mais próxima possível dela e de nossa filha. E agora, com tudo no lugar novamente, retomamos nossas rotinas.
No início da semana Rafaella avisou sobre sua primeira visita na obra do hotel, onde a empresa de sua família vem expandido os negócios. Já havíamos conversado no início desse projeto, que todas as vezes as quais os engenheiros fossem fazer o acompanhamento, ela também iria representando seu pai. Quando conversamos eu não me opus e nem hesitei. Em absolutamente nada! Porém agora é diferente, ela está grávida de cinco meses, e esse foi um gatilho para voltarmos ao assunto novamente. Eu não queria que ela fosse, eu queria que ela passasse essa bola para outro responsável, e assim acompanhar de longe. Talvez por vídeo conferência. Mas ela como sempre, esteve irredutível. Todavia, me dei por vencida e aceitei que ela fosse.
A sexta-feira chegou, e com ela o fim de mais um plantão. Juntei minhas coisas e segui para minha casa. Rafaella viajaria para o Espírito Santo logo pelo sábado de manhã e passaria o dia inspecionando o andamento da obra. Voltaria para casa somente no domingo. Por isso, cheguei em casa e tomei um banho, troquei de roupa e fui em direção ao seu condomínio.
Jaqueline já havia se mudado para o apartamento da frente, e com isso tudo voltou ao normal em minha casa. Principalmente o quarto de Sofia, com agora, um berço e um cantinho todo decorado para seu irmãozinho.
Quando cheguei na casa de Rafaella, a encontrei na cozinha. Nossa filha no entanto, na sala assistindo desenhos. Essa que me viu entrando e veio correndo, toda alegre para o meu colo.
- O que minha princesa está fazendo aqui sozinha?- Perguntei assim que terminei minha sessão de beijos e apertos. - Ta muito cheirosa, filha.-
- A Sosô tomou banho com a mamãe.-
- Ta todo mundo cheiroso então?-
- Uhum!-
- E cadê ela? Vamos lá ver o que anda fazendo?- Perguntei sugestiva e ela sorriu sapeca em concordância.
Ao passar pela porta da cozinha, um cheiro gostoso de lanche me invadiu. Rafaella fritava pastéis.
- Chegou, meu amor?- Sua pergunta carinhosa me fez sorrir ameno. Logo me aproximei e selei nossos lábios.
- Tudo bem? Senta ali, deixa que eu termino isso.-
- Pode sentar, bebê, já estou nos últimos.-
Depois que acomodei nossa filha na cadeira, preparei o suco e também me sentei. Não demorou muito para Rafa nos acompanhar. Lanchamos de maneira tranquila, aproveitando a noite de sexta-feira. Ela havia feito pastel de carne com azeitona, frango com catupiry, queijo minas com orégano, e banana com canela. Todos estavam excelentes. Não deixamos nenhum para trás. Sofia colocou pastel de banana para dentro, sem nem contar. E durante nossa "janta", conversamos sobre nosso fim de semana. Enquanto Rafa trabalharia, nossa filha ficaria comigo.