30' - b o o b i t c h e s

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  — VAI ACABAR SE METENDO EM PROBLEMAS

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  — VAI ACABAR SE METENDO EM PROBLEMAS.

Terminei de fechar a bolsa de ginástica, conferindo mentalmente se estava tudo ali. Roupas adicionais, uniforme, chuteiras, garrafa d'água e pomada e a maldita lanterna da maldita caça ao "Coronel Sem Cabeça". Nunca iria entender por que diabos aceitei participar daquilo.

— Acha que pode passear entre cidades sem eles saberem?

Respirei fundo, terminando de anotar os horários de medicação e demais detalhes na nota presa na geladeira.

— Vai ser mais fácil te matarem lá fora...

— Sabe o que os pais das outras garotas estão fazendo agora? — interrompi Elroy, checando o horário no relógio da cozinha. Nosso ônibus sairia em trinta minutos — "Boa viagem, querida. Não use drogas ou garotos. Faça um gol para o papai!"

Meu pai recuou no balcão, dando espaço para que eu passasse em direção ao corredor. Poderia considerar aquela uma evolução, já que em momento algum ele tentou me impedir de ir ao jogo usando força física, apenas tentando me intimidar com nossa sentença compartilhada de morte.

Mas fazia um bom tempo desde aquela mensagem com a ameaça do Clã e nada acontecera. Sem incêndios bizarros, ataques ou vislumbres de armários tatuados socados em ternos por aí, e não sei de onde saira o otimismo que me fazia acreditar que tudo ficaria bem. Evans estava morto, pego em uma briga entre celas que nada tinha a ver comigo. Sua "família" tinha que entender isso.

— Você não usa drogas, só fuma. — Elroy grunhiu, arrebatando o cilindro de ar quase inutilizado para fora do caminho a fim de me seguir até o banheiro. Pude sentir o leve desgosto em sua voz quando continuou — E não gosta de garotos. Quanto ao gol...

— Eu estava sendo irônica, porra. — suspirei checando meu reflexo no espelho do banheiro. Não tentava mais combater as olheiras causadas pelos dias sem dormir, entretanto, desejei ter alguma cor para passar no rosto e afastar a aparência cadavérica. Genevivie estava certa — Não me importo com sua despedida tosca.

Esperava estar sendo convincente.

Elroy lançou um olhar azedo para a bolsa na soleira da porta, depois, apontando por cima do ombro. Sua altivez e saúde repentina começavam a me assustar, afinal, agora ele parecia mais vivo do que eu, mesmo com uma doença crônica derretendo seus pulmões. O rosto coberto por uma barba bem aparada, os cabelos lisos e longos presos em um rabo de cavalo e as bochechas cheias faziam com que a imagem do grande advogado de causas impossíveis voltasse a tona. O último médico que vimos, um colega de faculdade da ex-namorada Beth, não soube dizer ao certo o que era aquela melhora repentina, mas pediu para não interromper os remédios e o tratamento. Prevenção poderia ser uma cura.

— De quem é o número de telefone? — perguntou.

— Meu patrão. Caso precise de comida, pode pedir na minha conta. — informei. Logo, a buzina insistente de uma moto me avisou que a carona estava ali — Se sentir algo, o número abaixo dele é o da senhora Maurici.

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