Ano Sabático

14 - Ganhando tempo

Jamie

Era véspera de Natal e eu precisava ligar para minha família. Ainda não falaria para eles que eu não pretendia ir embora no dia combinado. Na verdade, não tinha conversado nem com Claire sobre isso.

Quando procurava um presente para ela na feira de rua, encontrei uma lojinha com alguns colares e anéis que gostei. Vi alguns que eles faziam gravações e tive a ideia de pedir para personalizar algo para Claire. Escolhi um colar com um pingente que abria e pedi para gravar algumas palavras, já colocando logo que a amava, na hora estava empolgado, mas depois fiquei preocupado com o que ela iria pensar. Agora era tarde, era esse o presente dela, eu não tinha um plano B.

Mais tarde, esperei Claire ligar para o tio dela. Estávamos sentados na cama, ela encostada em meu peito. Tentei sair, mas ela sinalizou que eu podia ficar, então fiquei fazendo carinho nela, em silêncio. Depois que eles conversaram por algum tempo, ela se levantou, me deu um beijo e saiu do quarto, para me dar privacidade.

Fiz uma chamada de vídeo para minha mãe. Nessa hora, na Escócia, minha família estaria toda reunida para a noite de Natal. Estava um pouco tenso, mas ao mesmo tempo com saudade de todos. Minha mãe atendeu rápido e ouvi quando ela gritou para a família: É Jamie! Em seguida se virou sorrindo para mim.

- Meu amor, que saudade!! É tão bom te ver! Como você está?

Meu pai surgiu ao lado dela, com um copo de Whisky na mão, levantando o copo em um brinde. Peguei minha taça de vinho e fiz o mesmo movimento para ele.

- Filho, que bom te ver! Você parece ótimo! Está tomando vinho? Onde você está? O que está fazendo?

- Estou em Santiago, Da! Estou com algumas pessoas que conheci na trilha, nós estamos dividindo um apartamento e vamos comemorar o Natal juntos.

Minha mãe apoiou o telefone no balcão para que eu pudesse falar com todos. Willie e Ian chegaram levantando meus sobrinhos um por um para que eu pudesse falar com cada um deles. Minha cunhada Mary também se juntou a eles. Reparei que faltava Jenny. Ela veio depois de alguns minutos.

- Olá, irmão! Feliz Natal para você!

- Oi Jenny, obrigada. Feliz Natal para você também.

Conversei com toda a família por mais algum tempo, todos falando ao mesmo tempo, meus sobrinhos me pedindo presentes, meu irmão me chamando de frouxo porque tinha trocado o whisky pelo vinho, minha mãe querendo saber o que nós jantaríamos. Eu havia enviado algumas fotos para minha mãe e ela mostrou a todos, então eles começaram a comentar sobre as belezas do Chile e o assunto se estendeu mais um pouco.

- Pessoal, eu preciso desligar. Meus amigos estão me esperando. Foi muito bom falar e ver vocês, estou com saudades. Desejo a todos um ótimo Natal. Eu amo vocês.

Todos mandaram seus votos e disseram que me esperavam para o Hogmanay. Nem queria ver como seria quando eles descobrissem que eu não pretendia voltar na data prevista. Mas esse assunto não era para a noite de Natal, então desliguei.

Nós tivemos uma noite maravilhosa, nos divertimos muito com Geillis e Tom, comemos e bebemos bastante. Todos trocamos presentes, eu amei tudo que ganhei, em especial o livro que Claire me deu.

Eu estava louco para ficar sozinho com Claire e aproveitei a oportunidade quando nossos amigos começaram a se agarrar no sofá. Fomos para o quarto e imediatamente começamos a nos beijar. Deixei que Claire abrisse o pingente do colar que eu dei para ela, onde eu estava me declarando. Naquele pequeno objeto e coloquei minha alma, dizendo indiretamente que, se ela me quisesse, eu daria um jeito de estar com ela, onde ela estivesse. E finalizei colocando que a amava. Estava nervoso para ver qual seria a reação dela. Quando ela me olhou e começou a chorar, meu coração quase parou. Apesar de estar com medo, decidi que aquele era o momento de abrir meu coração, disse que ela era um presente para mim, e que eu a amava. Ela me abraçou chorando. Fiquei em silencio, o coração acelerado, esperando pela resposta dela a tudo que eu falei. Aqueles foram os minutos mais assustadores de minha vida, mas eu dei o tempo que ela precisava, tentando acalmá-la, em silêncio. Quando ela finalmente me olhou e disse que também me amava, eu poderia explodir de felicidade.