Ariel
---- Ele pediu transferência? ---- eu perguntei sem saber ao certo o que fazer.
A agente civil confirmou pra mim e eu senti meu rosto arder de raiva.
Eu poderia perguntar pra onde ele foi, mas optei deixar essa merda toda pra lá. Léo queria ficar longe, tudo bem, que fique bem. Bem longe de mim.
---- Obrigada, tenha um bom dia. ---- terminei por vez e sair da delegacia.
Léo desapareceu do mapa já tem mais ou menos duas semanas. Confesso que estava sentindo a falta dele, mas meu orgulho não deixava eu ficar pensando muito nisso. Ele sumiu porque quis, e eu tinha uma vida.
Uma vida que agora estava de ponta cabeça...
Me sentia mais sozinha do que nunca. E até a Ângela resolveu desaparecer da cidade, ficando com o Gustavo em Bonito. Realmente estava surtando...
Não que eu precisasse de alguém pra me apoiar, mas... Bom, eu estava a um ponto de surtar.
Dona Maria, aparentemente, surgia nos sonhos da minha filha com frequência e eu até agora não sabia explicar isso muito bem.
Entretanto, de todas essas coisas, Leandros voltou a atormentar minha cabeça de uma forma constante e irritante. Quando eu vi ele outra vez, foi como se eu tivesse perdido o rumo do meu destino. Foi como fazer uma viajem no tempo, e com essa viagem, todos os sentimentos que eu sentia por ele, incluindo o ciúmes doentio, resolveu surgir...
Então, eu estava seguindo assim: com ciúmes de uma pessoa que não era minha, com saudades de um idiota e em luto por uma pessoa que me fez prometer em seu leito de morte que iria consolar alguém que já estava sendo consolado.
Em resumo era isso aí. Fora a minha rotina corrida de todos os dias. E o fato que eu tinha que consolidar meu trabalho com a minha filha em casa. Não era fácil...
Depois de ter se passado quase um mês, sem Dona Maria, sem Léo e sem paz de espírito, adivinha quem me liga em pleno sábado de manhã?
---- Está ocupada? ---- a voz me perguntou. ---- Queria tua atenção por uns minutos.
Naquele momento eu estava tomando o café da manhã com a Emy. E só foi o telefone tocar que a minha filha largou seu leite com achocolatado pra prestar atenção na minha conversa.
---- Bom dia pra você também. Estou tomando meu desjejum, mas pode falar que estou te escutando. ---- não sei como eu consegui falar sem gaguejar. O Leandros despertava em mim uma síndrome de adolescente fortíssima.
---- Está sozinha?... ---- ele perguntou outra vez, seu tom de voz meio ranzinza meio amigável.
Eu olhei pra minha filha e ela fingiu estar mergulhando sua bolacha no leite.
---- Minha filha está aqui do meu lado.
Silêncio.
Qual era a do Leandros?
---- Pensei muito sobre o que me disse lá no hospital. Sobre ser minha amiga...
Meu coração disparou na hora.
---- Bom, eu não falei...
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Duas Semanas De Puro Prazer
RomanceATENÇÃO, CONTEÚDO NÃO INDICADO PRA MENORES DE 18 ANOS! Uma carioca da gema escolheu Campo Grande, capital de Mato Grosso Do Sul, para se refugiar de um trauma. Sem nem mesmo suportar ter a lembrança do mar, ela se vê mergulhando nos olhos azuis de...