Intro - Laura

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É incrível como pequenas decisões podem mudar completamente o rumo da vida de uma pessoa, e o quão imprevisível isso pode ser. E no caso de Laura Fontaine, não era uma pequena decisão, mas comprar aquela casa definitivamente mudou sua vida por completo.

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— Ok, te vejo em breve. — A voz de Laura era firme e tranquila, mas assim que a chamada foi encerrada, a garota começou a pular de alegria. — FINALMENTE!!! — ela gritou sozinha na sala.

A chamada era de seu futuro chefe informando-a de que havia sido aprovada no processo seletivo, e que poderia começar a trabalhar quando quisesse, assim que fizesse os ajustes necessários em sua vida pessoal. Aquele era o emprego dos sonhos de Laura, algo que almejava há anos, e que acreditava ser o próximo passo para uma carreira de sucesso como escritora.

— Por onde eu começo? — ela se pergunta, pensando em tudo o que precisava arrumar antes da mudança, já que o emprego exigia que mudasse de país. — Já sei, preciso providenciar minha futura casa.

Os dias foram passando e Laura foi cuidando de todos os detalhes da mudança. Vendeu sua casa em Barcelona, comprou uma casa na pequena comuna francesa Belleville-sur-Meuse, e se livrou de todos os pertences que não poderia levar consigo.

A empresa em que iria trabalhar ficava na cidade histórica de Verdun, e Laura achou uma pequena casinha recém reformada que atendia todas as suas necessidades: era próxima da cidade, não era muito grande, o preço era ótimo e, era uma gracinha.

O agente imobiliário lhe informou que a casa não era habitada desde a Primeira Guerra Mundial; a família proprietária tinha superstições sobre uma morte violenta que ocorreu ali. Mas como nada disso era certeza, ele não poderia confirmar e nem negar o fato.

E Laura, completamente descrente de superstições, achou que seria uma boa ideia comprar a casa mesmo assim.

— É perfeita, mãe! — Laura falava ao telefone, descrevendo todos os detalhes de sua nova residência para sua mãe.

— Promete que não vai sumir e esquecer de mim? — A voz triste de sua mãe soou do outro lado da linha.

— Prometo — ela disse com um sorriso no rosto. — Logo logo você vai me ver, tenho certeza que consigo um fim de semana de folga no próximo mês e vou te visitar, tudo bem?

Assim que desligou o telefone, Laura começou a desempacotar algumas coisas e espalhar pela casa, na tentativa de fazer com que parecesse a sua casa. E assim ela arrumou a sala, o quarto e uma parte da cozinha, deixando apenas o banheiro para o dia seguinte.

Quando ela finalmente sentou no sofá e pegou o controle remoto na mão, um arrepio tomou conta de seu corpo inteiro e ela poderia jurar ter visto um homem de farda no reflexo da TV desligada.

— Preciso dormir — ela disse em voz alta, desistindo de pegar o controle e indo em direção ao quarto.

Mas dormir não foi uma tarefa tão fácil assim. Algo a incomodava.

A silhueta uniformizada no reflexo da TV.

O calafrio.

A história que seu agente imobiliário havia lhe contado.

Era coincidência, certo? Ela estava cansada, a história ficou gravada em seu subconsciente e isso ocasionou que ela visse coisas que não estavam ali, e que sentisse coisas causadas pelo cansaço e pelo clima frio. É, era isso. Tinha que ser.

Laura não era do tipo supersticiosa, afinal.

Quando o sono finalmente veio, Laura sonhou com um homem loiro vestido com um uniforme de guerra, e ele chorava enquanto seu peito sangrava e um rapaz de cabelos pretos caía morto em seu colo.

Almas Perdidas || DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora