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Contei ao Greg sobre a minha triste derrota no dia seguinte e ele riu muito de mim. Ele tentou me acalmar dizendo que era uma coisa normal e eu rebati sua opinião pontuando que ele nunca havia perdido um caso. Não perdemos o caso necessariamente, mas a minha tática foi uma porcaria e foi então que Evan entrou em ação.

Para a minha grande surpresa, ele tinha um plano bem elaborado nas mãos e provas que só mostraram ao juíz que nosso adversário era um babaca mentiroso. Eu não quis demonstrar muita alegria ou espanto, então não encarei Evan no momento em que o juíz inocentou nossa cliente. Mas Evan sabia! Ele sabia que eu estava me sentindo incompetente e uma idiota com o ego inflado, então ele se aproximou de mim e tentou conter seu sorriso.

Quando eu achei que ele iria me atacar e jogar na minha cara que era melhor do que eu, ele simplesmente me chamou para tomar algumas tequilas. Dessa vez quem ficou alta fui eu e surpreendentemente ele agiu feito um rapaz decente e me trouxe para casa, onde Taylor nos esperava e praticamente se derreteu quando viu Evan me carregando nos braços.

Então eu acordei hoje e precisei encarar a dura realidade. Uma ressaca horrível, uma melhor amiga surtada e um chefe babaca me dizendo que as coisas estavam indo como ele havia planejado. De acordo com Greg, ele sabia que Evan e eu nos daríamos bem depois de um tempo, porque éramos iguais.

Sem essa, velhote!— resmunguei e ouvi sua gargalhada abafada. Depois de alguns segundos encarando a paisagem de uma New York ainda sonolenta eu suspirei e dividi com ele um sentimento bem triste.— Estou com saudades.— Greg retribuiu o sentimento e se despediu de mim.

Eu tinha uma manhã livre, sem o Evan para me arrastar para uma caminhada exaustiva e Taylor estava trabalhando, o que me deu ainda mais paz. Toby e eu ficamos juntinhos olhando a cidade enquanto eu tomava um delicioso café e comia uma barrinha de proteína. Que droga! Evan estava tendo uma influência ridícula na minha vida e eu não gostava muito de pensar nisso, senão acabaria confundindo as coisas.

Depois de me negar a ir trabalhar eu resolvi tomar um bom banho e tirar de mim todo o cansaço e estresse da noite passada. Eu não tinha muitas lembranças exatas, mas sabia que havia passado vergonha e dito coisas sem pensar. Enquanto eu escovava meus dentes eu lembrei de como havia dito a Evan que sua ex-namorada era uma otária. Droga!

Eu disse mesmo aquilo? E por que eu disse aquilo? Qual é o meu problema?

— O álcool deixa mesmo as pessoas mais libertinas.— ele comentou enquanto me arrastava para dentro do carro. Eu ri sem pudor algum e bem alto.— Pronta para ir para casa?— ele me sentou no banco e colocou o cinto em mim.

— Vamos para a sua casa? Isso é um convite, Evan?— eu ri como uma idiota e mesmo vendo tudo girar pude notar seus lábios entreabrirem e seus olhos se arregalarem em surpresa.— Estou brincado!— ele assentiu desconfortável e fechou a porta.— Ou talvez não.— murmurei a mim mesma e senti meus olhos pesarem um pouco.

Eu lembro de ter passado a viagem toda dormindo e acordando, mas nada me tirava da cabeça a voz do Evan cantando Body Paint do Arctic Monkeys. Nossa! Que voz! Rouca e aveludada, irritavelmente atraente e provocadora. Eu não sei foi o álcool mas eu senti certa atração naquele momento e só agora me sinto horrível por isso.

Depois só lembro dele me pegar no colo e me entregar a Taylor, pude ouvir um "Boa noite, Alex" e logo eu apaguei. Quando acordei hoje de manhã com o despertador tentando me matar do coração, peguei o celular e vi a mensagem dele dizendo que eu teria a manhã de folga e que deveria encontrá-lo no ateliê do Harold às duas horas da tarde. E lá estava eu totalmente pronta colocando comida pro Toby nem um pouco animada para encontrar meu salvador.

𝒌𝒏𝒐𝒘𝒊𝒏𝒈 𝒍𝒐𝒗𝒆 • 𝒆𝒗𝒂𝒏 𝒑𝒆𝒕𝒆𝒓𝒔 Onde histórias criam vida. Descubra agora