2 • O início

177 18 28
                                    

Os ventos fortes percorrem a ilha de dois amigos bagunceiros que estão prestes a entrar na primeira grande aventura de suas vidas. Nenhum dos dois poderiam estar mais feliz, mal podiam esperar para tocar no bastão, sentir seu peso, sua textura, ver os outros morrendo de inveja e o velho Yuzu contente por contar a lenda a eles e orgulhoso pelos membros mais jovens ter essa coragem. Mas tudo ainda era um sonho, um sonho de dois jovenzinhos dispostos a enfrentar muitas coisas para conseguir o que desejam.

- Mas Yuzu não nos disse aonde fica o deserto - Macaque comenta começando a se entristecer. Já era meio dia e nada deles desgrudarem da caverna mais frequentada pelos órfãos.

- Eu sei, então peguei isso! - Wukong mostra um pergaminho e o desenrola diante de Macaque que logo sorri.

- Um mapa?

- Sim! É do Yuzu, está mostrando onde está o bastão certinho, olha!

- Nossa... - Macaque segura o papel fragilizado pelo tempo, sua mente viaja já imaginando as diversas lutas que pode ter usando a arma.

- Só precisamos seguir esse caminho - Wukong explica com imensa euforia, seu dedo apontando cada rota -, depois esse daqui e ir por aqui... Fácil!

- Aiii, Wukooong... - Macaque grunhe fazendo biquinho, sentindo sua boca seca, seu passar se tornou vagaroso, sua lentidão mostrando um certo dengo que faria as yokais mais adultas da tribo derreterem, as enchendo de vontade de o segurar e ninar.

- Calma, continua andando - Wukong anda consultando o mapa tanto quanto respira.

- Ah... estou com tanta sede...

- É só beber água do... - Wukong estende a mão para a lateral de seu corpo e nada encontra, havia pendurado um cantil - ué?!

- Cadê o... - Macaque procura o seu cantil que havia deixado seu amigo levar e percebe que o seu também sumiu.

Bem perto deles, um besouro gigantesco leva os cantis nas antenas semelhantes a chifres. Besouros ladrões vivem rondando as tribos espalhadas pela região.

- PEGA LADRÃOOO! - Wukong corre atrás do inseto que passa a andar mais rápido por estar assustado com os dois macaquinhos correndo atrás dele. No íntimo, o inseto podia jurar que nada ia dar errado em sua ganância.

- Aaah sua barata estúpida! - Macaque arranca um galho da árvore mais próxima e passa a bater na carapaça do animal.

- Larga isso! - Wukong sobe no besouro e acha genial a ideia do Macaque e o imita, arrumando um galho para si, também passa a bater. O inseto grunhe e foge derrotado.

- Desse jeito a gente nunca vai chegar lá - Macaque diz após beber as últimas gotas de água restantes do cantil. A bolsa usada para carregar líquidos terminou em uma perfeita peneira, os galhos e as antenas duras do animal fez estragos irreversíveis.

- Pfff! Bobagem! Somos guerreiros mega fortes - o macaco amarelinho levanta os braços, aperta os punhos, tencionando e exibindo um princípio de bíceps -, nós podemos conseguir qualquer coisa.

- Pelo menos temos o mapa. Não temos?

- S-sim... quero dizer... ele está bem ali. - Wukong aponta para o alto de um pinheiro. O mapa voou e ficou preso ali.

- Aaah Wukong! - Macaque bate o pé no chão. - Por que você o soltou?

- Reclame menos e trabalhe mais, companheiro - Wukong passa a subir na árvore, com um sorrisinho sem graça enfeitando suas expressões.

- Você tinha dito que seria fácil!

- Lembre do que o velho Yuzu disse: "nem tudo que é bom de verdade vem fácil".

Wukong & MacaqueOnde histórias criam vida. Descubra agora