CAPÍTULO - 14

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Eu tinha finalmente terminado o prato e me direcionei para a cozinha. As conversas ainda continuavam ao redor das mesas, nenhum deles parecia estar preocupado com o que estava acontecendo lá fora e isso trazia uma calma bem evidente para o abrigo. Eu queria poder sentir isso.

- Vai encontrar a Luiza ? - a garota estranha pegou o prato das minhas mãos e o colocou sobre uma pilha que estava em cima da pia.

- Acho que sim, bem .... fui informado que tenho que ir encontrá-la.

- Não se preocupe, ela é bem complacente, - a garota fez uma pausa e pegou o prato de uma menininha que veio correndo até onde estávamos - com exceção dos dias em que ela está sob pressão.

- Então.... é isso - coloquei as mãos nos bolsos e saí andando de costas - nos vemos por aí.

- Espera, eu levo você lá - falou prontamente.

- Não precisa, eu sei onde fica - repondi, sem nem saber onde ficava.

Ela não acrescentou mais nada e se caso tenha dito algo através de suas expressões faciais, não iria saber, pois eu já estava procurando me distanciar o máximo do refeitório.
Seguindo pelo lado contrário ao que eu tinha vindo, segui por um outro corredor mais largo. Pela primeira vez prestei atenção nos dutos que estavam localizados em alguns pontos do caminho, eram pequenos e possuíam grades listradas que tampavam a saída do ar. A temperatura no búnquer devia medir cerca de 26-27° C .

Algumas pessoas passaram por mim para lá e para cá portando alguns objetos, geralmente eram caixas de tamanho médio e sempre carregavam um semblante de pressa.

Fui observando todas as entradas e portas que avistava pelo caminho, encontrei quartos, a lavanderia e uma pequena escola para crianças. A impressão que tive foi que todos a minha volta não pareciam saber o que era passar fome, sentir frio ou ser caçado vivo.

Não demora muito e encontro uma escada, subo os degraus ainda procurando uma porta que dê indícios de onde a líder Luiza possa estar. Me deparo então com uma porta no fim da escada e nela estava uma placa:

SALA DE COMANDO
(Não entre sem autorização)

Só podia ser aqui. Respirei fundo e bati três vezes seguidas a porta de aço. Dez segundos depois, recebo uma resposta, a porta se abre e vejo Pike à minha frente.

- Tá cheiroso - ele sorri como se estivesse com saudades de me vê - vêm, pode entrar, estávamos te esperando.

Um pequeno calafrio percorreu minha nuca, e mais uma vez eu me senti desconfortável, pois se tratava de um espaço em que eu não era o líder.

"Tudo bem, vai dá tudo certo " - pensei.

Entrei na sala de comando e logo Pike fechou a porta. O cenário parecia totalmente diferente do que eu já tinha visto do resto do búnquer, havia uma mesa retangular no centro da sala e umas doze pessoas estavam à sua volta, as duas lâmpadas no teto iluminavam o ambiente com uma luz mais potente, as paredes possuíam um papel de parede azulado com vários papéis preenchendo-as, entre mapas, fichas, desenhos de armas, gráficos, frases que não entendi o contexto e alguns textos que pareciam rabiscos.

Ao lado direito da mesa, havia um quadro de giz repleto de várias outras informações. Já ao fundo da sala, existiam alguns armários e uma outra mesa que se se assemelhava à uma enorme escrivaninha que se estendia por toda aquela parede. Em cima dela, vi vários aparelhos eletrônicos e fios enrolados por todos os lados. Próximo aos aparelhos, um homem estava sentado de costas e portava um HeadPhone, ele parecia não ter notado minha presença, diferente dos doze que estavam ao centro da sala, pois assim que Pike fechara a porta, todos eles rapidamente depositaram seus olhares em mim.

TEMPORADA DE CAÇA Onde histórias criam vida. Descubra agora