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Desde que a minha advogada havia me confirmado sobre as minhas suspeitas de que Júlio armava para me tirar Sofia, passei a redobrar meus cuidados para com ela. Fazia o possível e o impossível para deixá-la e buscá-la na escola. Algumas vezes passava meus plantões para outros médicos e com isso impedir que minha sogra oferecesse ajuda com Sofia.
Eu chegava com ela em meu colo após um dia cansativo no hospital. Hanna havia faltado ao plantão, já que a nova bomba da vez era a gravidez que ela descobrira. Então fiquei sozinha no atendimento da emergência.
A mídia logo descobriu a gravidez e as especulações nas últimas semanas eram se o filho seria de Atos.
E para completar o combo, Sofia parecia estar resfriada e eu também.
Bati a porta do carro e fui me equilibrando entre o peso de Sofia e sua mochila em meu ombro esquerdo. Todo meu corpo estava dolorido e sentia a gargantga arranhar. Trabalhar com pediatria era sinônimo de ter faringite semana sim e outra também.
— Olha mamãe, pontinhos vermelhos no chão!
Sofia me chamava atenção para respingos de sangue no piso da garagem. Faziam um rastro até a porta de entrada para a sala.
Até cogitei a possibilidade de ser um assalto, mas perto do carro de Júlio estava a camisa branca que ele havia saído pela manhã, também salpicada com sangue. Aproximei do automóvel e olhei para dentro, parecia tudo em ordem.
— Júlio? — O chamei ainda do lado de fora.
Tudo permaneceu em silêncio, sem qualquer resposta. Talvez eu tivesse razão sobre um assalto e o correto fosse retornar ao meu carro e sair dali com Sofia. Nos manter em segurança.
— Querida, vamos dar uma volta e depois retornamos, tudo bem? — Apertei Sofia ainda mais em meus braços, como se isso fosse protegê-la.
Sofia sorriu e deitou sua cabecinha sobre meu ombro.
A ajeitei no banco de trás e depois corri para dar partida no carrro. Mas quando acendi os faróis, uma silhueta subitamente surgiu em frente ao automóvel, pondo as mãos no capô do carro.
A luz estava tão intensa e branca que não conseguia distinguir quem era, e parecia ser um homem.
Mas não me amedrontei e liguei o motor do carro , disposta a atropelar quem quer que fosse.
— Aura, sou eu, Júlio! — O homem oculto pela Luz intensa estendia as mãos para me deter de o atropelar.
Eu estava ofegante, com todo meu corpo repleto de adrenalina, pronta para a "luta ou fuga". Os dedos agarrados com força ao volante.
Esperei ele repetir mais uma vez e ao reconhecer a voz de Júlio, desliguei o carro e os faróis.
Lá estava ele, sem camisa, com um corte na testa que ainda sangrava.
~*~
Sofia ficou perguntando sobre o "dodói" do papai, e eu desconversei, dizendo que não era algo que devesse se preocupar.
Como exceção, permiti que ela comesse biscoito com iogurte, apenas para poder convencê-la ficar no quarto e não ver o pai dela sangrando.
— O que aocnteceu, Júlio? Você me assustou! — Eu terminava de colocar um curativo no local do corte.
— Também queria saber — dizia entre alguns gemidos curtos por eu limpar o ferimento em sua testa — Enquanto eu entrava com meu carro, ouvi um estrondo intenso e estilhaços de vidro. Só após alguns minutos que fui perceber que haviam atirado uma pedra imensa contra o meu carro. Nem sei dizer como não me machuquei mais que isso!
Recolhi o quite de curativos o devolvendo a estante no banheiro.
— Já saiu o DNA do filho que Hanna está esperando? — Júlio se olhava no espelho logo ficava acima do lavatório, conferindo o curtativo que eu fizera.
Toda a mídia só falava da gravidez de Hanna.
— Não achei que estivesse acopanhando o caso, Júlio. — Disse de maneira despretensiosa.
— Todos estão, Aura. Só se fala disso, oras!
— É que você nunca comentou nada essas semanas todas. Nem mesmo perguntou se as meninas estavam bem.
Ele continuava mexendo no band-aid em sua testa. O ajeitava enquanto fazia uma discreta careta de dor para o seu reflexo no espelho.
— Mas isso não significa que estou alheio. Apenas curioso, afinal, Hanna é sua amiga, Aura!
— E Vick inclusive, querido — Completei —Deveria perguntar sobre Vick também. — Isso soou como um protesto muito velado. Mas acho que Júlio percebeu a indireta.
— É que se tem falado mais da gravidez de Hanna, como eu disse! — Pude sentir um leve estresse em seu tom de voz — Por isso fiquei curioso para saber o resultado do DNA, mas se não queiser dizer, tudo bem, querida!
Retirei minha blusa e fiquei de sutiã. Olhava minha imagem no espelho do banheiro me sentindo mais feia do que nunca. Estava magra e pálida.
— Não saiu o resultado do teste ainda, Júlio —Respondia finalmente — Mas há chances do filho não ser do Atos. Resta saber quem seria o pai nesse caso, né? — Olhei para Júlio e me senti levemente satisfeita com o deconforto que causei nele.
Mas Júlio desviou o olhar. Espero como era.
— Vai tomar banho agora? — desconversou para se livrar do assunto espinhoso.
— Uhum. Mas se quiser eu posso esperar você ir primeiro, querido!.
Nos encaramos por alguns intantes e eu desejava vê-lo gaguejar de tão instável que Julio ficara.
— Não, Aura. Pode ir. Eu vou checar uns emails do hospital. Bom banho pra você.
Mal sabia ele que não era mais sua traição que me irritava e sim as suas investidas secretas para me tirar Sofia, mesmo depois de todo o acordo que fizemos.
Mas se Júlio desejava uma inimiga, ele não teria. Eu apenas mostraria ao meu marido o quanto uma mãe é capaz de ir longe para
defender sua filha.Homnes! Homens definitivamente não sao bons mentirosos.
NOTA DA AUTORA
Tô nessa vibe aqui, ó:
Kkkkkkkkkkkkk
Júlio ficou estranho depois de saber do teste de gravidez neh? Kkkk
Será que posto mais hoje?
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APENAS UM TRAIDOR - ALERTA!
Mystery / ThrillerAura, Vick e Hanna são amigas de longa data. Trabalham como médicas em um hospital. As três parecem inseparáveis. Mas tudo pode mudar quando o marido de Aura passa a trai-la com alguém mais próximo do que a médica gostaria. Além de lidar com a c...