Capítulo VII

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Dezembro, 2016

Música tema do capítulo: 🎶 Proposta - Gilsons 🎶

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Os sentidos de Carol estavam aguçados. A central acompanhava o movimento da bola com atenção, se preparando para agir a qualquer momento.

Um, dois, três... salto.

Mais um bloqueio.

O grito da torcida se fez presente no ginásio. Ela fez o último ponto do jogo do seu clube e, com o resultado, o Sesc RJ estava classificado para a fase final do campeonato.

Após cumprimentar as jogadoras do time adversário e agradecer à torcida, ela se dirigiu até o vestiário. As meninas ainda estavam comentando do jogo, o que causava um grande falatório no local. Enquanto Roberta explicava para algumas das companheiras sobre uma jogada específica, Carol percebeu que faltava alguém no ambiente.

Não qualquer uma. Mas alguém que ela vinha prestando mais atenção nos últimos dias.

A jogadora holandesa não havia ido direto para o vestiário após o jogo, como costumava fazer antes... antes da chegada de sua namorada à cidade. Carol sabia que aquele não era seu problema, ela se repreendia por estar notando os padrões, mas era involuntário. Com a namorada na cidade, Anne estava sempre mais ocupada e priorizava seu tempo de folga junto dela.

Apesar disso, a holandesa fez questão de apresentar sua namorada alemã para todos, e até a levou num jantar de confraternização da equipe. Naquele dia, Carol conheceu e cumprimentou a mulher, que foi muito educada e simpática. Uma surpresa boa, já que antes Carol tinha a visão errada de que os alemães eram sempre muito sérios e fechados.

Desde então, uma dinâmica esquisita se estabeleceu: em algumas poucas vezes, todas saíam juntas. Nesses momentos, Carol até conseguia interagir com Anne... Mas era estranho. Não que Anne mudasse quando estava na presença da namorada, mas Carol sentia uma leve tensão no ar, e uma sensação de estar sendo observada. Como se todos na mesa soubessem o que havia acontecido entre ela e holandesa... e a qualquer momento alguém iria levantar e gritar sobre tudo. Era loucura, ela sabia. Mas sua consciência não a deixava em paz por muito tempo.

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Após trocar de roupa, Carol se despediu das companheiras de equipe e caminhou distraída para fora do ginásio. Naquele horário o ambiente já estava praticamente vazio, e lá fora o pôr do sol se fazia presente, pintando o céu em tons alaranjados. A morena, que andava de cabeça baixa mexendo no celular, quase morreu de susto ao virar no corredor e dar de cara com Anne ali parada.

— Oi! — a holandesa tinha um sorriso sereno no rosto.

— Pelo amor de Deus, Anne! Você quer me matar? — Carol respondeu, com o coração disparado.

— Eh... Desculpa? — Anne respondeu, um pouco receosa. — Eu estava esperando para falar com você.

Como se fosse possível, o coração de Carol bateu ainda mais forte.

Comigo? Mas... você não já tinha ido embora?A morena estava muito confusa e nervosa com toda aquela situação.

Não, eu só fui um pouco mais cedo para o vestiário. Acho que você estava tomando banho quando saí de lá. — A Holandesa explicou, de forma simples. — Eu estava te esperando porque queria te levar num lugar.

Carol ficou alguns segundos processando aquela informação. Anne estava ali parada a poucos passos de distância e queria sair com ela. Que lugar era esse?

Amour d'or et du bronzeOnde histórias criam vida. Descubra agora