TRÊS ANOS E OITO MESES ATRÁS

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Siren Hotel. Nova York. Estados Unidos da América.

40° 45′ 8.2537″ N, 73° 59′ 7.976″ W


Era difícil ver as estrelas, mesmo em uma noite sem nuvens. Suspirou triste e enxergou o carro parado em uma esquina adjacente, onde uma equipe aguardava ansiosamente por seu sucesso. Os ruídos dos saltos altos tornavam-se mais um junto a cacofonia de sons naquela rua movimentada.

Fitou as letras piscando no topo e praguejou, devido a luminosidade irritar seus olhos. Siren Hotel.

Suspirou fundo e adentrou na recepção bem iluminada, cujas luzes permitiam-na enxergar as feições enrugadas do atendente. Este apenas tomou nota de como ela se vestia, sorriu, e deslizou uma chave por cima do balcão.

Simples e sutil.

Pendeu a cabeça para o lado, devolveu o sorriso e pegou a chave ao agradecer a hospitalidade.

Com as longas e torneadas pernas cruzou o saguão em direção ao elevador. Colocou o ponto eletrônico no ouvido e ajustou os óculos que serviriam de câmera para a transação de logo mais.

No elevador, amaciou a saia lápis com um leve corte lateral para depois abrir um pouco o tecido de sua blusa, mostrando de forma sensual a renda de seu sutiã. Gostava dos seus seios fartos e firmes, eles abriam portas.

Ainda mais para aqueles que pensavam bastante com a cabeça de baixo. Nunca abriria mão das vantagens que Deus lhe deu.

Passou uma mecha do cabelo para trás da orelha e tocou no ponto eletrônico.

— Já estou chegando para me encontrar com Rouxinol. — Preparou-se. — Fiquem a postos.

— Entendido. — A voz séria de seu observador ecoou no outro lado da linha.

Cansou de usar suas curvas para enganar e trair. Homens, mulheres... Tanto fazia. Serviu de espiã e assassina, ganhando notoriedade, inimigos e, o melhor de tudo, contatos. Por vezes, queria recusar trabalhos...

Entretanto, tinha que pagar sua dívida para o homem que lhe salvou. Que elevou seu nível a ponto de ser uma verdadeira arma em forma humana. Ela teria sua vingança, afinal sua vida era única e exclusivamente para isso.

E depois de anos, ela teria a primeira resposta, o primeiro avanço. Ricci, Eden, eu me encontrarei com vocês após eu terminar as coisas por aqui.

Exalou no momento que a porta do elevador se abriu. Ela então, sem pestanejar, caminhou em direção ao seu objetivo, onde o número 412 era estampado de forma garrafal. Ao lado dela, um homem imenso a guardava.

Iria encarnar a mais célere das suas atuações, dignas de premiações. Sorriu de orelha a orelha e se aproximou levianamente, indo bater à porta até ser impedida pelo braço musculoso do brutamontes. O olhou de cima para baixo, analisando friamente, antes de moldar o que diria a ele.

— O que você pensa que está fazendo? — Ela entoou entredentes, fingindo uma repleta indignação.

— Meu trabalho. — A voz áspera, grossa e rude não a assustou. — Quem é você?

— A pessoa que seu chefe chamou para negociar o que ele tem em mãos. — Ajustou a alça da pequena bolsa que carregava, destravando-a sutilmente. — Acha que eu vim para cá por causa de um zé ruela?

Teve que segurar risos quando viu o brutamontes engolir em seco.

— Não recebi confirmação nenhuma... — Coçou a cabeça. Acharia até fofo, caso ela não estivesse em missão.

Instintos Criminais [Em Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora