Capítulo 1 - Reencontro

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Oliver

Nunca senti que merecia ser amado, o que é o amor no final das contas se não uma grande mentira. Queria saber o porquê dele existir e as pessoas o procurarem tão incessantemente. 

O alarme que está ao lado na minha cabeceira começa a tocar, me fazendo despertar mais um dia, pergunto ao universo e as forças superiores até quando. Desânimo é o que me resume, desligo aquele som maldito.

Já é junho e hoje é o fatídico dia ao qual eu tanto queria fugir, da voltas aulas, sejamos sinceros, odiamos ser jovens estudantes, é péssimo a pressão que colocam na gente, não? Tipo, não faço a mínima ideia do quero para a minha vida por enquanto, o futuro me assusta; um detalhe sobre mim, odeio coisas incertas, perder o controle das coisas ao meu redor me deixa um tanto quanto apreensivo.

Mas vamos ao que importa, você quer ler um romance fofo ao qual te deixe feliz e bobo e blá blá blá, nós sabemos. Deixe-me apresentar-me, meu nome é Oliver, mas pode me chamar de Oli, meus amigos me chamam assim, acho que até o final da história nós teremos intimidade para isso. Bem.... Como posso te chamar? Que tal.... sweetheart? Tá, é em inglês, mas é fofo, ok? Não sou muito criativo.

Bom sweetheart, eu tenho 17 anos e estou no 3 ano do ensino médio, sou pan e demissexual, tenho uma banda de rock junto dos meus amigos, é uma apresentação bem meia boca, mas tamo junto. Meu ciclo social é bem pequeno, então não espere muitos personagens nessa história, tenho uma certa dificuldade de criar laços e tudo que envolva outras pessoas. Sou bem introvertido, eu acho.

Voltando aonde paramos, entro no meu modo introspectivo e me levanto devagar, minha mente normalmente é uma bagunça, como uma enxurrada de pensamentos, uma chuva na qual cada gota fosse uma ideia solta, que quando cai no chão se junta a outras e forma uma grande poça, tipo isso, sabe? Então, é bem normal me ver no meu próprio mundo, me desligando facilmente, é incrível ter uma grande dificuldade em apenas prestar atenção no que faço. Minha cabeça é o meu lar, é onde fico boa parte do meu tempo, nesse "mundinho". Desde novo sempre estive no meu canto, vendo o mundo do meu jeito, cheio de opiniões e pensamentos singulares, aos quais não compartilhava com ninguém, talvez a única pessoa que me escutou e faz isso até hoje é o meu melhor amigo de infância, nem meus pais me conhecem tão bem, já que sempre estiveram tão ocupados. Além de tudo sou uma pessoa muito fechada, ao longo dos anos fui criando várias e várias barreiras ao meu redor, acabando por ter poucos amigos, para ser bem sincero estou até que aliviado com isso, não conseguiria administrar, ter vários amigos envolve várias relações, pessoas com personalidades diversas e cada um com seus problemas, esses que acabam respingando em você.

Levanto-me da cama e de antemão vou em direção ao banheiro, realizo minha higiene e faço meu ritual matinal, que se resume em ficar sem falar um "a" por tempo indeterminado, ou até eu ser obrigado a falar algo, o que normalmente acontece. Me troco, colocando a mesma roupa de sempre, minha jaqueta preta com a camisa roxa de fantasminha por baixo, um monte de colar e anel, uma calça rasgada no joelho em um tom de preto mais desbotado e meu coturno. Deixo meu cabelo bagunçado mesmo, me acostumei em ver ele um ninho de passarinho roxo. Inclusive, cortei ele ontem, fiz um mullet, sozinho, sim, eu cortei o cabelo em casa, sou um homem de muitos dotes.

-Preciso retocar meu cabelo - seguro uma mecha do mesmo, que está quase lilás, só que mais desbotado, quase um roxo pastel.

E enfim desço em direção a cozinha, bebo meu café, como algumas frutas, por pura preguiça de fazer algo mais elaborado, olho no relógio e descido já sair de casa, pego meu fone, conecto no celular colocando minha banda favorita para tocar, Cigarettes After Sex, a melodia começa, me deixando imerso em seus acordes, sendo transportado para outro mundo, ao qual tudo é mais calmo e meus pensamentos felizmente chegam numa velocidade menor. Com "Apocalypse" no fone, ando em direção ao ponto de ônibus. Enquanto ando observo cada pessoa, detalhe, som e imagem, os admirando. Pode parecer meio.... esquisito? Mas amo poder observar, assistir coisas simples acontecendo ao meu redor, alguém andando rápido por exemplo, agitado graças ao trabalho, indo correndo pelas ruas, começo a imaginar a vida daquela pessoa e criar toda uma história envolvendo-a, me diverte e faz minha mente desacelerar um pouco.

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