06 | m o r g a n a

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“Talvez em um próximo encontro”, foi o que ele disse. Será mesmo? Pensei em James naquela noite durante todo o meu trajeto para casa.

      Travis se ofereceu para deixar Elisa em sua casa e eu na minha, mas pedi para que ele não se aproximasse tanto. E ele não fez perguntas, porque desde o colégio, não só ele como todas as outras pessoas de lá me conheciam um pouquinho para saber como meu pai era: um exagero! Ele apenas disse: "Se cuide e tenha uma boa noite” e então, ele foi embora. 

      No meu quarto, eu tentava escrever alguma coisa para matar o tempo. “James S.”. Bufei.

      Em frente a minha janela, havia uma pequena mesinha onde eu costumava me sentar à noite para respirar um pouco sempre que precisava. Céus, eu estava pensando demais nele. Pensei muito sobre o fato de que ele era um corredor, mas não era como se eu o reprovasse. Em uma corrida de rua existe apenas uma única regra: “Não matar ninguém”. Eu sorri sem motivo por um segundo. Ou havia motivo?

      Ergui o olhar e desci para a terra novamente, deixando o brilho das estrelas, quasares e supernovas para trás para que pudesse me afogar em um outro tipo de brilho.

[...]

As luzes da Girl's and Girl's rodopiavam diante dos meus olhos como furacões cheios de fúria, me fazendo caminhar diante deles bravamente para que pudesse enfrentá-los.

      Nora Williams brindou por mim de longe, erguendo uma taça de martini. Eu servia mesas, ria de piadas sem graça e escutava comentários pouco agradáveis – falo comentários porque não poderia chamá-los de elogios.

      — Vamos, Morgana – disse Nora atrás de mim, me assustando. Quando foi que ela tinha se aproximado tanto assim? —, beba uma taça. Não é certo agir como se fosse algum tipo de robô, não é saudável. Notei que é muito séria em certos momentos.

      — Eu não posso, Nora – tentei me desvencilhar — Talvez eu acorde mal, não tenho o hábito de beber. E, também, eu estou em horário de trabalho.

      — Então está bem. – ela deu de ombros — Sabe, Morgana, gosto de você. Pelo que pude perceber, se dedica muito ao que faz e, se me permite – ela se aproximou de mim —, dois cavalheiros falaram muito bem de você para mim. Veja, aqueles dois ali, os de terno. Você é solteira?

      Acho que não tenho interesse em falar sobre os dois cavalheiros, então os imaginem como quiser. Tinham boa aparência, é verdade, mas talvez fosse apenas isso. Eu dei risada com a pergunta feita por Nora descaradamente: — Sim, eu sou solteira, mas não estou à procura de alguém. Talvez, quem sabe, amigos? – dessa vez foi Nora quem deu risada — O que é engraçado?

      — Precisa começar a aproveitar as oportunidades que a vida te oferece.

      — Um homem rico é uma oportunidade?

      — Certamente. Não pode jogar um homem rico fora.

      — Mas ele me jogará fora na primeira oportunidade que tiver justamente porque tem dinheiro. – retruquei.

      “Hump”, Nora sorriu e deu de ombros. “Garota esperta. É certo que pense assim. Pense assim, Morgana, para sempre. Todas as pessoas são descartáveis. Não existe amor verdadeiro”.

AS BORBOLETAS ENTRE NÓSOnde histórias criam vida. Descubra agora