Cada um tem a Monalisa que merece

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- Quanto tempo mais eu tenho que ficar assim? – Reclamo sentindo o meu braço formigar por causa da posição.

- Para de ser rabugenta mulher. Eu ainda te dei a opção de te fotografar para que você não precisasse ficar assim, mas nãooooo você queria por que queria ser igual a Rose do Titanic, agora aguenta.

- Eu me arrependo amargamente, nunca mais te ajudo em absolutamente nada, isso é muito chato.

- Isso é a arte!

- Tenho pena da Monalisa que teve que ficar olhando pra cara do da Vinci, agora entendo aquela cara dela de deboche... Giulia meu braço tá formigando muito.

Estava deitada de lado no chão de madeira escura ouvindo suavemente o Jorge Vercillo cantar Monalisa. O meus cachos posicionados estrategicamente para dar um ar romântico, o meu rosto levemente virado, e eu ainda tinha que manter um olhar e um sorriso apaixonado para um ponto fixo, que Giulia solidariamente botou um coelhinho de pelúcia para que eu tivesse com quem flertar... Nada contra ao coelhinho de pelúcia, mas ele não faz o meu tipo, e agora depois de passar por uma hora olhando pra ele estou passando a nutrir uma antipatia terrível com o coitado.

- Aposto que da Vinci não teve que ficar reclamando da falta de profissionalismo da Monalisa.

- Cada um tem a Monalisa que merece.

-Tenho certeza de que se enganaram, pois obviamente eu não mereço uma Monalisa tão dramática. Pronto, acabei de fazer o rascunho sua chata, pode se levantar.

- Ah, graças a Deus. Giulia, não estou sentindo meu braço, meu braço, você vai ter que me levar pra um hospital. – Digo exageradamente fazendo biquinho, enquanto esfrego meu braço esquerdo e faço movimento circulares com os ombros tentando parar o formigamento.

A garota de cabelos ruivos acobreados com óculos de grau quadrangulares olhava para a tela dando os últimos detalhes com as próprias mãos parecia absorta em seus pensamentos, mas na verdade ela ouvia tudo, e ficou bem claro quando ela assopra a mecha de cabelo que ficará no seu rosto, revira seus olhos castanhos claros e calmamente me retruca sem humor.

- Vou mandar ele amputar seu braço isso sim.

- Nossa, às vezes eu juro que você é minha inimiga.

- Queria ser, seria mais fácil, mas fazer o que se te amo? Quer ver o rascunho? – Ela pergunta e eu balanço a cabeça várias vezes afirmativamente e caminho até ela.

- Nossa, até parece que sou realmente linda assim, vou ficar muito metida. Estou curiosa para o que você vai fazer com isso. Com toda a exposição na verdade, você não me conta nada, não me deixa ver nada.

- Vou te contar tudo o que pretendo fazer, vamos na cafeteria aqui perto? Quero tomar um capuccino bem docinho e comer uns biscoitos de chocolates.

- Vamos sim, quero saber de tudo. Ah, e você que vai pagar, essa é a minha indenização por acidente de trabalho.

- Tá, tanto faz. – Giulia faz cara de tédio e pega a sua bolsa e saímos do nosso modesto apartamento para as ruas de Garbatella.

- Você é foda demais Giu, meu Deus que orgulho de você mulher! – Digo quase gritando enquanto seguro as laterais do rosto da mulher a minha frente a fazendo formar um biquinho com os lábios

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- Você é foda demais Giu, meu Deus que orgulho de você mulher! – Digo quase gritando enquanto seguro as laterais do rosto da mulher a minha frente a fazendo formar um biquinho com os lábios. A ruivinha da tapinhas em minhas mãos me fazendo retirar minhas mãos, mas dá um sorriso adorável por ser elogiada.

- Eu estou trabalhando tão duro, fiz os outros quadros em segredo na universidade pois só quero que você veja quando estiver tudo pronto, mas eu tinha que te contar o conceito das minhas obras, até porque eu quero que você organize a minha exposição. – Giulia confessa com a voz em um tom cansado. Coloco minha mão sobre a sua em demonstração de apoio enquanto fico surpresa com sua oferta

- Tá brincando? Você quer que eu organize? Achei que já tivesse uma equipe por trás da exposição já que eles oferecem.

- Eles deixaram que você participasse quando eu insisti em que minha amiga museóloga formidável que trabalha na pinacoteca vaticana chamada Zöe Duarte trabalhasse na minha parte da exposição. Eles ficaram curiosos em conhecê-la, falaram que vocês vão ter que trabalhar juntos para que a exposição fique harmônica. – Diz levantando uma das sobrancelhas e depois abrindo um sorriso orgulhoso enquanto estende as mãos e segura a minha com carinho.

- Eu aceito essa missão super importante. Vou documentar seus acervos, organizar sua exposição direitinho. Vou deixar tudo perfeito e deixando sua identidade bem clara. Não acredito que vou organizar a exposição da promissora Giulia Bianchi na Scuderie del Quirinale. Um brinde a sua primeira exposição solo. – Levando o meu copo de frapuccino de morango pela metade super animada e Giulia ergue o sua taça quase vazia de capuccino sorrindo também.

- A conexões singulares!

- A conexões singulares!- Digo em seguida e dou um gole na minha bebida. -Essa exposição vai ser memorável, vai ficar na memória das pessoas, vai tocar, as fazer refletir tanto sobre tipos de relações, as singularidades que as tornam tão importantes... Sério, isso é maravilhoso, estou tão orgulhosa.

- Eu sinto que dessa exposição vai sair novas conexões singulares que farão muitos mundos colidir e se conectar... É isso. O nome da obra que você serviu de inspiração será “Colisão e conexão de mundos singulares.”

- Essa história de amor da sua obra entrará para a história. – Digo com firmeza e volto a beber meu frapuccino com algo me dizendo que eu estou completamente certa.

 – Digo com firmeza e volto a beber meu frapuccino com algo me dizendo que eu estou completamente certa

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⏰ Última atualização: Nov 18, 2022 ⏰

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