Os porquês

Capítulo 2 - O Show

Oii Sweetheart, tudo bem? Desculpa o tempo sem te manter atualizada, afinal já se passou 6 dias e já estamos no domingo, mas enfim, deixe-me ver o que posso te contar.... Hmmmm ok.

Tivemos mais alguns ensaios durante a semana, nada demais, Tina está mais animada do que nunca e eu, bom, estou ansioso, afinal faz um tempo desde que não me apresento.

Uma atualização sobre o garoto do ônibus, não vejo ele desde segunda, infelizmente. Mas não é como se eu esperasse algo, afinal nem sonhei com ele.... Tá, eu sonhei com ele, no sonho lá estava o dito cujo me encarando novamente com seus olhos escuros da cor da noite, como se estivessem me iluminando, protegendo, como a luz lunar. Não saia da minha cabeça, nem por um segundo a imagem do mesmo, seus olhos e sua pele escura e sedosa, que parecia tão macia de se tocar. Eu nunca, jamais, tinha visto alguém que tivesse feito tamanha bagunça dentro de mim, como uma grande ventania levando as folhas soltas de um caderno velho, foi assim que eu me senti, seu olhar, sua presença, sendo a ventania e cada pensamento meu, cada insegurança ou traço de ansiedade sendo as folhas que foram levadas. Em somente alguns segundos me senti completamente livre dessas amarras que tanto pesavam.

Mas pulando todo esse desabafo Sweetheart, vamos ao que interessa.

Bom, quase não consegui pegar no sono graças ao show, fiquei ansioso a noite toda, então só dormi o que consegui. Acabei por acordar, mais uma vez, durante a madrugada, olho o relógio e vejo que são 05:50, como normalmente acordo as 06:10, só me levanto e faço o que tenho que fazer, vulgo me arrumar. Dessa vez coloco uma tiara para prender meu cabelo, pego minha gargantilha e meu sobretudo já que faz frio lá fora, coloco meu coturno e desço. Demoro mais que o normal no café da manhã, aproveitando o tempo que ainda me resta.

Quando chega a hora pego minha bolsa e saio de casa, coloco meus fones e escolho a música "double take", quando ela começa a tocar a primeira coisa que me vem a cabeça é o garoto do ônibus, mas tento dispersar qualquer pensamento relacionamento a ele e sigo em frente. Quando o ônibus chega, entro nele e me sento no mesmo lugar de sempre, as vezes sinto que sou meio esquematizado, pois minha vida funciona como um grande ciclo, faço e refaço as mesmas coisas sempre, não que eu me importe, me sinto mais seguro tendo uma "rotina". Enfim, fecho meus olhos e deixo-me ser levado pela música "in my mind" para um lugar completamente distante, onde estou só e posso só estar quieto no meu canto. Porém sou arrancado dessa sensação quando o ônibus breca de forma brusca, o que me faz pegar impulso para a frente, quase fazendo-me voar, olho meio assustado para frente e o que vejo é o garoto do ônibus mais perto do que eu pudesse imaginar, ele me olha e vejo um sorriso se formar em seu rosto.

-Posso me sentar aqui? - Sua voz tem um timbre único, gentil e sereno, o que me faz arrepiar. Fico em silêncio, tendo um colapso dentro da minha cabeça, onde as várias versões minhas estavam surtando sem saber o que fazer.

-Oi? - ele diz fazendo um sinal com a mão, ao qual me tira do meu transe, "eu passei quanto tempo olhando para ele?" Me pergunto e imediatamente sinto meu rosto esquentar.

-P-pode. - Sim, eu gaguejei, até que ponto chegamos? Sweetheart eu juro que não sou assim sempre, é que ele mexe comigo.

Com o mesmo sorriso de antes ele se senta ao meu lado, consigo sentir seu perfume por um breve segundo seu cheiro é doce, provavelmente de alguma fruta. Me arrepio mais uma vez quando o mesmo se senta ao meu lado, ele está próximo a janela, olhando para fora da mesma, observando a paisagem, consigo ver pelo reflexo do vidro seu rosto, que é de um formato quadrado, possuindo algumas sardas, seu olho tem um formato redondo, entretanto é pequeno, de forma que quando sorri faz com que ele fique menor, já seu nariz e boca ambos são grandes. Enquanto o admiro, reparo depois de um tempo o mesmo me olhando pelo reflexo da janela e instantaneamente desvio o olhar.
Ele como sempre foi o primeiro a descer.