Capítulo 20

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Agradeço à todos os leitores que até aqui acompanharam a saga da Agnes e do Mark. Este é o último capítulo de Sangue Leal. Espero que em breve possamos continuar essa estória. Beijos.


Preparem o coração!


Quando conheci Mark, eu não esperava estar na situação a qual eu me encontrava. Garotos. Era o que eu vivia escutando de Rebeca, mas não era bem uma palavra que estava no meu vocabulário. Eu já havia tido "quedas" por alguns meninos da minha escola, mas eram superficiais e estavam completamente sobre meu controle. 

Não pensar muito em garotos me poupava sofrimentos desnecessários. Eu via Rebeca chorando horrores desde que ela estivera apaixonada por Mark, e isso me fez decidir que eu não queria passar pelo mesmo. Para que sofrer desnecessariamente? Porque eu iria querer me apegar a alguém que poderia ir embora, me deixando traumas para o resto da vida? Minha mãe passou por isso, e até hoje a vejo sofrer as consequências. 

Contudo, Mark havia me enganado. Meu cérebro havia caído em seu jogo e me convencido de que o que as pessoas falavam sobre Mark e eu era somente porque não sabiam o que se passava nos bastidores. Mark estava sempre por perto porque era o seu dever me proteger e não porque estava apaixonado. Quando me dei por mim, eu não podia mais voltar atrás. Eu já estava perdida naqueles olhos azuis e naquelas covinhas.

Mark Davies havia burlado todos os sistemas de defesas que eu havia implantado, ultrapassado todas as barreiras sem que eu me desse conta. Eu havia mentido para mim, mas Mark havia me enganado. Ele havia me levado a acreditar em algo e me entregado outro, quase como um político. 

Agora, minha mente piscava o alerta vermelho. Ela me culpava, sem dó, por eu ter deixado Mark avançar o sinal. Mark estava em algum lugar naquele prédio. Vivo ou morto, eu não sabia dizer. Mas havia uma chance real de que eu poderia tê-lo perdido. Existia a possibilidade de que poderia ter acontecido aquilo que eu tanto temi. Eu sofreria todas as consequências por ter me permitido amar Mark.

— Agnes. — Borges me chamou. Olhei para o seu rosto e o medo pairava sobre ele. — Nós temos que ir.

Continuamos nossa corrida pelos corredores. No ar, eu podia sentir um cheiro metálico a medida que passávamos por alguns corpos. A ânsia de vomito veio e voltou diversas vezes. Até mesmo Borges fazia careta. O medo se movia por cada partícula minha, forte e impiedoso. 

Nós avançávamos com uma arma empunhada. Sempre de olho em cada movimento. Um homem apareceu em nosso caminho e levantou a mão. Borges atirou e o homem caiu duro. Eu não sabia usar uma arma, mas a adrenalina fazia milagres no corpo humano. Por isso, quando outro homem apareceu a minha direita, não pensei duas vezes antes de atirar. Sangue aspergiu de seu peito, bem aonde a bala entrou, e eu precisei de alguns segundos para me restabelecer.

A porta, que vira nas imagens há pouco, onde Mark e Tom haviam entrado, apareceu em nossa vista e nós adentramos o cômodo. Olhei ao redor, e o meu corpo seguiu os meus olhos. Não havia ninguém. Somente o silêncio dominava. Andei até os fundos e chamei por Mark. Ninguém respondeu. Nós estávamos em um cômodo de sessenta metros cúbicos de área. Parecia uma sala de reuniões. Um conjunto de sofás vermelhos, duas poltronas e uma mesinha estavam no centro. Algumas estantes de madeira, com diversos livros perfeitamente organizados por cor, se estendiam pelas paredes. Uma taça de vidro havia se estilhaçado pelo chão e o vinho escorria pelo carpete azul. Espera! Não era só vinho ali, o sangue de alguém também sujava o carpete. Senti meu coração disparar em meu peito. Por favor, que não seja de Mark ou de Tom.

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