ATO I,
Cena III
Rin Point Of View
Encarei minha imagem no espelho: odiava o uniforme escolar. Quero dizer, a ideia de não precisar gastar minhas roupas novas usando-as na escola é um ponto incrível, mas o dress code do uniforme não era lá meu favorito, principalmente na educação física. Short legging preto e camiseta branca justa com símbolo de uma raposa; em que mundo isso lhe parece confortável? Exato, nenhum. Enquanto isso, os meninos podem usar a roupa que bem entendem, inclusive livrar-se dela quando não suportam a temperatura, mas experimenta usar uma saia para ver o que acontece? Pois é. Ok, talvez eu só esteja enrolando porque não gosto das aulas de educação física. Mas, se eu acreditava que poderia escapar dela, estava muito enganada...
Assim que me arrastei para fora do banheiro, sem a menor vontade de ir para aquele ginásio estúpido, fui agraciada com a surpresa da imagem de meu pai encostado sobre um dos armários amarelos e violetas. Seu típico terno cinza e gravata de um tom claro quase branco caíam bem e combinavam com os olhos pretos. Sua feição era de poucos amigos, não que ele vivesse sorrindo ou algo do tipo; era um homem sério, muito sério, e nada fácil de lidar. Com cabelos grisalhos bem penteados para trás, as gotículas de gel eram quase imperceptíveis. Vejam bem, meu pai tratava-se de um virginiano nato, os detalhes o compunham. E esse era o maldito problema dele...
— Você acredita ser bem engraçadinha, não é Rin? — A voz do 'grande senhor Nohara' ressoou mais grave do que o costume e eu soube instantaneamente que estava encrencada.
Quero dizer, eu sempre estou encrencada. Não que eu seja uma filha péssima — bem, talvez... — , eu só costumo não seguir os conselhos rigorosos de 'não faça nada que seja estúpido' que provem do meu pai. Mas, em minha defesa, sou uma adolescente e é exatamente isso que os adolescentes fazem: besteira.
— Do que você está falando? — questionei, engolindo em seco, tentando procurar em minha mente vestígios do que eu poderia ter feito nas últimas semanas.
Confesso não me lembrar quais dos dez mandamentos eu havia quebrado...
— Você simplesmente acha que pode brincar com a nossa imagem e fazer o que quiser, não? Acha que dinheiro brota do chão e que você pode fazer o que bem entende, afinal o papai vai sempre dar um jeito, não é Rin? — Suas palavras saíam em um tom frio e seus passos eram pesados sobre o chão lustroso.
Ele estava visivelmente descontente e, talvez um pouquinho mais do que isso... Para um bom observador, era possível notar que seu olho esquerdo sofria de um tique nervoso e, com isso, ele respirou fundo e afrouxou sua gravata. Seus olhos exibiam pura fúria, enquanto ele se aproximava de mim. Só conseguia me questionar sobre o que eu havia feito, afinal.
— Você é uma garotinha mimada que precisa aprender a consequência das coisas — Sua voz era ainda mais fria, rancorosa, quase com ódio o suficiente para me desfazer.
A mão que apanhou rapidamente meu braço pertencia a ele, usando mais força do que o necessário, apertando-o de tal forma que eu sabia que ficaria roxo depois. Minha garganta secou e eu não consegui proferir um mísero "me solta", ainda que fraco. Eu podia ver a raiva inflando em seus poros, correndo por suas veias saltadas da testa e modo como ele me olhava como se eu fosse um erro. Ele me empurrou fazendo com que eu batesse a cabeça e o corpo contra um dos armários, o estrondo fora alto, afinal, o corredor vazio provocava um eco insuportável e, contudo, ninguém aparecia para ver o motivo...
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A Dama e o Vagabundo - Kakarin!au
Fanfiction"Liberdade. s.f. 1. Direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de com acordo com a própria vontade. 2. Grau de independência legítimo de um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal". A concepção de liberdade é algo que K...